Rigor na avaliação do ensino a distância contribui para queda de matrículas
Yara Aquino e Mariana Tokarnia – Repórteres da Agência Brasil Edição: Nádia Franco
Os cursos de educação a distância representam cerca de 15% das matrículas de graduação no país. Em dez anos, o número aumentou quase 25 vezes. Em 2003, havia 52 cursos desse tipo no país; no ano passado, o número chegou a 1.258. Os dados são do Censo da Educação Superior 2013, divulgado ontem (9) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O número, no entanto, caiu 5% em relação ao apurado no último censo, de 2012. Enquanto isso, o ingresso na educação presencial manteve-se praticamente constante, com variação positiva de 1%. O ministro da Educação, Henrique Paim, apontou a modalidade como uma das causas da redução do crescimento das matrículas no ensino superior.
Paim disse que o Ministério da Educação (MEC) tem a preocupação de garantir a qualidade de tais cursos e atribuiu a esse maior rigor a queda nas matrículas. “Vários processos seletivos foram suspensos por medidas regulatórias e de supervisão porque não demonstraram qualidade ou demonstraram reincidência em avaliações de desempenho”, explicou.
Na modalidade de curso a distância, 39,1% das matrículas são de licenciatura, 31,3% no bacharelado e 29,6% em curso tecnológico. A rede privada concentra 86,6% das matrículas. Dos 2,7 milhões dos que ingressaram em 2013 na graduação, 18,8% optaram por essa modalidade de curso.
O ministro destacou o ensino a distância como forma de garantir uma boa formação aos professores, independentemente de terem acesso a um curso presencial. “Vamos ter que usar essa ferramenta. É uma ferramenta importante para que se possa avançar na formação de professores, sim”, afirmou Paim, em entrevista coletiva.
O presidente do Inep, Chico Soares, ressaltou que o ensino a distância ainda é uma modalidade nova e muitas vezes recebida com “com uma certa crítica”, mas que tem crescido e que, atualmente, como mostram os dados, extrapola a formação de professores e chega a bacharelados e cursos tecnológicos.
Paim destacou que a preocupação do MEC é com um novo marco regulatório para a modalidade. Posteriormente, poderá ser discutido o financiamento estudantil pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para educação a distância. O novo marco está sendo elaborado pelo Conselho Nacional de Educação. Entre as mudanças previstas está uma nova avaliação para a modalidade. Até novembro, um documento consolidado deverá ser enviado ao MEC.
Da Agência Brasil