Saaemg: Palestra aborda o sensível tema do “Suicídio no trabalho” no Fórum de Saúde e Segurança
Na manhã da última terça-feira (8), o Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar do Estado de Minas Gerais (Saaemg) recebeu um evento de grande importância. O auditório do Saaemg foi palco do Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador, que teve uma palestra com um tema delicado porém extremamente relevante para a sociedade: o Suicídio no Trabalho.
Durante mais de duas horas, o professor Helian Nunes de Oliveira, que é uma autoridade do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG palestrou sobre o assunto. Como membro ativo do Observatório de Saúde do Trabalho (OSAT) da UFMG, Oliveira trouxe uma perspectiva abrangente sobre o tema, levando em consideração os aspectos médicos e sociais envolvidos.
A palestra foi transmitida gratuitamente pela plataforma Zoom, em uma abordagem híbrida que permitiu a participação de um público amplo. Não à toa, cerca de 110 pessoas participaram do evento, sendo 25 presencialmente, na sede do Saaemg, enquanto os demais assistiram remotamente.
Durante sua apresentação, Helian compartilhou todo o seu conhecimento sobre os fatores que podem levar ao suicídio no ambiente de trabalho, bem como estratégias de prevenção e conscientização. Sua visão e suas credenciais como pesquisador do Nesatt e coordenador acadêmico do Nescon enriqueceram o diálogo em torno de um tema tão delicado.
Ao receber o evento em sua sede, o Saaemg demonstra, mais uma vez, seu compromisso com a promoção de discussões relevantes que impactam diretamente a saúde e o bem-estar dos trabalhadores. A palestra sobre “Suicídio no Trabalho” não apenas trouxe à tona a importância desse tema, mas também incentivou a sensibilização e a solidariedade no ambiente de trabalho.
Ao fim de sua apresentação, o professor abriu uma sessão de perguntas e respostas, que revelou o engajamento do público presente e online em aprofundar o entendimento sobre essa questão crucial da saúde mental no contexto laboral. Abaixo, elencamos algumas questões abordadas no Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador, com a resposta do palestrante.
1. Qual é a importância de haver esse debate sobre suicídio tanto na sociedade como um todo, quanto no trabalho?
É importante que a sociedade esteja mais atenta à saúde mental. Muitas informações e conhecimentos em saúde ainda não foram incorporados ao cotidiano. Há ainda muito preconceito em relação à necessidade de ajuda em saúde mental. Um trabalhador, por exemplo, prefere acreditar que não precisa buscar ajuda, mesmo sofrendo de forma mais grave. Temos que desconstruir o estigma existente em torno do sofrimento mental e dos tratamentos em saúde mental. Precisamos apoiar de forma mais sistemática quem precisa de tratamentos.
Ao debater temas em saúde, como a respeito do suicidio, estamos abrindo oportunidades para troca de saberes e apoio mútuo. Hoje um indivíduo pode estar em sofrimento e receber ajuda de um amigo, mas daqui algum tempo um parente ou até o amigo pode precisar de ajuda. Nenhum de nós está totalmente protegido do sofrimento ou adoecimento mental.
2. Existe alguma solução efetiva para ao menos tentar identificar e/ou tratar os trabalhadores?
A solução é construir uma rede de cuidados. Desde uma melhor formação dos trabalhadores e gestores responsáveis pelos cuidados, mas também pesquisas científicas que possam ajudar na organização de protocolos assistenciais mais eficazes. Uma melhor qualidade dos serviços de saúde e uma atenção às especificidades do mundo do trabalho se tornaram bandeiras que precisamos defender. Cada profissão ou atividade relacionada ao trabalho tem suas vulnerabilidades específicas.
3. É função da empresa ou dos sindicatos oferecer aos trabalhadores consultas (psicólogos e psiquiatra) para manter a saúde mental?
É função de todos colaborar para um melhor acesso aos cuidados em saúde mental. Uma empresa que investe na saúde mental tem melhores resultados não apenas no bem estar de todos, mas também nos indicadores financeiros. Um sindicato é mais reconhecido ao construir, junto com os trabalhadores, projetos que melhorem a qualidade de vida.
É muito importante investir numa rede de cuidados que proporcione uma atenção integral à saúde, seja em nosso Sistema Único de Saúde – SUS ou nos demais serviços.
4. E no caso dos auxiliares de educação escolar, que trabalham com pessoas que vão desde crianças até idosos, eles podem ser “uma ferramenta” de combate, afinal eles vêem muitas atividades dos alunos que o cercam. Como aproveitar isso? Criando um disque ajuda?
Gostamos muito de pensar no papel de tutoria ou educadores que todos nós precisamos exercer no cotidiano. É fundamental que os auxiliares de educação escolar tenham um bom canal de diálogo com toda a comunidade, que estejam atentos e empáticos aos desafios da comunidade escolar. Jovens e idosos vão se beneficiar muito com programas e ações para o bem estar coletivo. Precisamos investir no estímulo à cultura, atividade física, alimentação mais saudável, relacionamentos e colaboração, para todos vencermos os desafios da vida.
A vida se realiza com os sonhos e desejos que alimentam nossas ações. Não há ser humano que consiga seguir em frente sozinho. Vivemos num coletivo mundial que através da união de forças e da sabedoria conseguiu construir e vencer de forma solidária tantos obstáculos nos séculos passados. Certamente podemos acreditar num futuro cada vez melhor .
5. Qual é a sua opinião sobre a dificuldade de se tratar uma pessoa após identificar que ela precisa, afinal é uma área que quase não aceitam plano de saúde e nem todos têm condições de bancar um tratamento via consultas particulares?
Uma sociedade obtém melhores indicadores de saúde quando investe na promoção de saúde e prevenção do adoecimento. Mas é necessário facilitar o rápido diagnóstico do adoecimento mental, para que possam ser instituídas intervenções terapêuticas precocemente, evitando o agravamento ou a cronificação. Por mais complexas que sejam as situações, acreditamos que vale a pena sonhar, defender e organizar um mundo melhor para todos.