Salário médio cai 2,82% em um ano, aponta Caged
Criação de emprego com carteira em julho também recuou na comparação com o mesmo mês do ano passado e Bolsonaro diz que “a economia está bombando”
O salário médio do trabalhador com carteira assinada caiu 2,82% em um ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Em julho deste ano, o salário médio de admissão foi de R$ 1.926,54, o que representa a queda real de R$ 56,01 em relação a junho de 2021 (R$ 1.982,55).
No mês de julho foram criados 218,9 mil empregos com carteira assinada, saldo referente às 1,89 milhão de contratações e as1,67 milhão de demissões que ocorreram no período. O resultado representa uma piora em relação a julho do ano passado, quando foram criados 306,5 mil empregos formais.
A abertura de vagas em julho foi liderada pelo setor de serviços, com 81.873 postos, seguido pela indústria (50.503), comércio (38.574), construção (32.082) e agricultura (15.870).
Com a economia patinando, quase metade da população economicamente ativa está no trabalho precário, sem direitos trabalhistas, com a renda arrochada, diante de uma inflação alucinada, com os preços dos alimentos tirando a comida da mesa do brasileiros.
Enquanto Bolsonaro diz que “a economia está bombando”, 33 milhões estão passando fome, 39,3 milhões de brasileiros estão no trabalho precário, com instabilidade ou jornada excessiva e renda caindo, 25 milhões se viram por conta própria. Outros 10,1 milhões estão desempregados, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que analisa o mercado de trabalho no país de forma mais ampla.
De acordo com o Caged, a geração de empregos formais no Brasil foi liderada pelo setor de serviços, com 81.873 postos, seguido pela indústria (50.503), comércio (38.574), construção (32.082) e agricultura (15.870). ,
O setor de serviços, “vem se expandindo dado o avanço da vacinação contra a Covid-19 e com ajuda do consumo reprimido, sobretudo, das famílias de maior renda que conseguiram preservar emprego e renda durante a pandemia”, observou o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). “Em contraste, o desemprego e a elevação da inflação e dos juros retiram fôlego do comércio e da indústria, que também enfrenta problemas nas cadeias de fornecedores”.
Com o avanço das ocupações que exigem menos formação, com salários menores, sem carteira assinada e sem benefícios trabalhistas, no segundo trimestre de 2022, o rendimento habitual do trabalho foi estimado em R$ 2.652, uma queda de 5,1%, na comparação com renda média registrada no mesmo intervalo de meses do ano passado (R$ 2.794).
Os números do Caged mostram que as vagas de trabalho formais que foram criadas no mês passado em sua maioria concentram-se em atividades de baixa intensidade tecnológica que pagam salários baixos e têm baixa estabilidade, como serviços de atividades correspondentes à informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas; transporte, armazenagem e correio; alojamento e alimentação; atividades administrativas e serviços complementares; comércios, construção civil, e agropecuária. Como na indústria exige-se graus de investimentos em tecnologia, os salários no setor industrial são mais altos que os demais setores da economia.
TRABALHO PRECÁRIO
O Caged também mostra que o país gerou 4.733 novos postos de trabalho intermitente: resultado de 23.050 admissões e 18.317 desligamentos. O contrato intermitente, criado pela “reforma” de trabalhista 2017 – que acabou com diversos direitos previsto na CLT -, permite jornada de trabalho em dias alternados ou por horas determinadas, ou seja, o profissional é chamado de acordo com a necessidade do empregador, seja ela de uma hora ou 30 hs por semana. Nesses casos, dificilmente o trabalhador consegue receber um salário-mínimo por mês.
No chamado regime de tempo parcial, cuja duração não exceda a 25 horas semanais, foram registradas 19.833 admissões e registrados 17.540 desligamentos, gerando saldo positivo de 2.293 vagas.
De acordo com o Ministério do Trabalho, foram criadas 1,56 milhão de vagas formais de emprego no país entre janeiro e julho deste ano.