Se dependesse das mulheres, Bolsonaro não seria eleito, afirma Manuela
Com o auditório da CTB lotado foi realizado na noite desta quarta-feira (18) o debate “Mais mulheres na política”, promovido pela Central Classista. Primeira a falar, a jornalista e escritora Manuela D´ávila lembrou que o golpe de Estado de 2016 contra Dilma Rousseff, cujo objetivo foi destruir direitos e conquistas sociais, teve como um dos seus fundamentos a misoginia, ou seja, o ódio às mulheres.
“Venderam o machismo, o ódio à presidente Dilma, grande vítima da misoginia, agredida com as diversas formas usadas para depreciar as mulheres. Usaram o ódio às mulheres para construir a aceitação do golpe na sociedade. O bolsonarismo se alimenta do ódio às mulheres”, sublinhou Manuela.
Ressaltou ainda que “esta política que está aí não serve para os trabalhadores e os marginalizados. A gente sabe que quem está na rua é o trabalhador que não tem condições de pagar um aluguel. Muita gente que trabalha o dia inteiro vive na rua, o trabalho já não garante a dignidade humana”.
“Nós, que defendemos uma sociedade realmente democrática e popular, sabemos que isto passa pelo empoderamento das mulheres, pois quando falamos das mulheres, aqui, falamos das mulheres trabalhadoras”. Em sua opinião, mulheres, negros e negras têm de ter voz e vez. “Não queremos um poder que serve só para os ricos, para os brancos”.
Segundo Manuela, um Brasil que se desenvolve, um país próspero só será possível com a participação ativa das mulheres. “Para realizar nosso sonho precisamos de um poder popular e não existirá poder popular sem a participação das mulheres”, salientou. “Nós queremos as mulheres que vão lutar para transformar a sociedade”, arrematou.
Ela também apontou a necessidade de uma campanha para as mulheres não deixarem de ir votar. “Se dependesse das mulheres Bolsonaro não seria eleito”, acentuou.
Carestia
O presidente da CTB, Adilson Araújo, citou dados mostrando que entre os profissionais com curso superior as mulheres ganham em geral metade do que recebe um homem pelo mesmo trabalho, um sinal de que a discriminação é usada pelos capitalistas para intensificar a exploração da classe trabalhadora e maximizar seus lucros.
Araújo destacou ainda que as mulheres são as primeiras a sentir os efeitos perversos da carestia sobre a renda das famílias oriundas da classe trabalhadora, o que realça a necessidade de conscientização e mobilização política feminina com vistas ao pleito que se avizinha. “Precisamos empoderar as mulheres, daí a importância de ´Mais mulheres na política´”, acrescentou.
O evento também contou com exposições da deputada estadual Isa Penna (PCdoB-SP), da ex-presidenta da UNE, Carina Vitral, da presidenta do Sedin, Claudete Alves e da representante do Consulado de Cuba, Jasely Fernández Garrido. A noite será também contemplada com o show da cantora e compositora Tinna Rios.