Secretário da Saúde de São Paulo defende fechamento das escolas para conter a covid

Jean Gorinchteyn admitiu que a circulação de pessoas a partir da reabertura das escolas contribuiu para o agravamento da transmissão da covid-19 em São Paulo

São Paulo – O secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, defendeu hoje (2) o fechamento das escolas em todo o estado devido ao agravamento da pandemia de covid-19. Ele admitiu que o aumento da circulação de pessoas promovida pela volta às aulas contribuiu para o agravamento da transmissão do novo coronavírus nas últimas semanas. Hoje, São Paulo tem 15.977 pacientes internados, sendo 8.701 em enfermaria e 7.276 em UTI, maior número de toda a pandemia. O aumento de internações está em níveis nunca vistos, com crescimento de 19,3% apenas na última semana. Na educação, os trabalhadores registram 1.625 casos de covid-19 nas escolas.

“Se estamos entendendo que as pessoas estão ameaçadas frente ao vírus, frente ao colapso (do sistema de saúde), temos que reavaliar situações que poderiam ser evitadas. Uma delas é a situação da escola. O problema não é a escola, mas a circulação de pessoas. Professores, alunos, pais que levam e trazem seus filhos. Mesmo no transporte público, a exposição que a gente acaba colocando as pessoas. Nesse momento, vale a observação sobre essa questão de não haver aulas. E nós vamos levar isso para discussão no centro de contingência. Eu pessoalmente estarei discutindo esse aspecto”, disse Gorinchteyn, em entrevista à rádio CBN.

Riscos e ameaças

Desde que a volta às aulas foi anunciada, professores e outros trabalhadores da educação em São Paulo apontam que o risco de contaminação pela covid-19 seria alto nas escolas. Uma das ameaças apontadas é justamente a maior circulação de pessoas nas ruas e no transporte coletivo. No caso dos professores a exposição é ainda maior, já que a maioria dá aulas em mais de uma escola por dia. Segundo a Secretaria da Educação, a volta as aulas no estado envolve 13,3 milhões de pessoas – cerca de 30% da população paulista.

Ainda que não possa ser apontada como único motivo do agravamento da pandemia nas últimas semanas, a reabertura das escolas para a volta às aulas presenciais em São Paulo bate justamente com a piora da situação da covid no estado. Também se aponta para as baladas e festas clandestinas, que continuaram ocorrendo nos últimos meses. Além delas, há a falta de atitude do governo Doria frente às aglomerações em bares, praias, centros comercias etc.

Hospitais lotando

O estado também avalia a contribuição de cepas mais contagiosas do novo coronavírus para a multiplicação da covid-19. Nas duas últimas semanas, a média diária de internações disparou de 1.454 para 1.908. A taxa de ocupação de UTI saltou de 66,2%, no dia 15 de fevereiro, para 74,3% hoje.

Também nesta terça, a cidade de São Paulo registrou seis hospitais estaduais com 100% de ocupação dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) para pacientes com covid. A taxa geral de ocupação de UTI chegou a 77% ontem. Na rede privada da capital paulista, a ocupação de UTI para covid-19 varia de 80% a 95%. Na Grande São Paulo está em 75,5%. Apenas ontem, 1.021 pessoas foram internadas na região.

Além do aumento das internações, cresceu também o número de mortes diárias por covid-19 em São Paulo. A média diária subiu de 219 óbitos diários para 242 na última semana, em todo o estado. Um aumento de 10,5%. Na capital, a média diária de mortes pela infecção é de 49 pessoas, praticamente 20% de todas as vítimas do estado.

Levantamento do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial no Estado de São Paulo (Apeoesp) aponta que houve 1.625 casos de covid-19 em 768 escolas esse ano. O governo Doria fez um primeiro levantamento, no dia 16 de fevereiro, com 741 casos confirmados e 1.133 casos suspeitos de covid-19. No entanto, parou de divulgar os dados nas semanas seguintes.

Alguma sensatez

A presidenta da Apeoesp e deputada estadual, Professora Bebel (PT), apoiou a posição do secretário da Saúde e espera que o governo Doria tenha consciência em acatar as recomendações. “Finalmente alguma autoridade do governo Doria – e não surpreende que seja o secretário da Saúde – assume posição sensata e correta sobre a pandemia e as aulas presenciais. Quem sabe vença a razão contra a insensatez e o negacionismo e as aulas presenciais sejam imediatamente suspensas. É o que desejamos e pelo que lutamos. Em defesa da vida, sempre”, disse Bebel.

Os professores da rede estadual estão em greve desde o dia 8 de fevereiro contra a volta às aulas presenciais sem condições de segurança sanitária.

Rede Brasil Atual

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