Segundo o Dieese, maioria da população negra é economicamente ativa, mas sofre mais com desemprego
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou ontem (19) a Pesquisa de Emprego e Desemprego referente ao ano passado e que revela que a população negra é a que mais sofre com o desemprego no país. O levantamento, realizado em parceira com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade) e o Ministério do Trabalho (MTE), foi feito nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e no Distrito Federal. Em todas as áreas, à exceção de Fortaleza e Porto Alegre – onde, apesar disso, os patamares são bastante próximos -, verificou-se que participação dos negros na população economicamente ativa é superior, ainda que paritária, a de não negros. Todavia, a pesquisa afirma que, “apesar da intensidade da presença dos negros no mercado de trabalho metropolitano, esse segmento populacional ainda convive com patamares de desemprego mais elevados”.
Basta comparar os números. Na capital mineira, 57,3% dos negros fazem parte da população economicamente ativa, contra 56,7% dos não negros. No Distrito Federal, o patamar é de 63,7% para negros e 62,7% para não negros. Entre os paulistanos, 63,7% dos negros são economicamente ativos ante 62,9% do restante da população. Na capital baiana, por sua vez, são 56,5% dos negros a 56,4% dos demais. Já em Porto Alegre, 57% de negros são ativos economicamente, contra 57,1% de não negros, ao passo que em Fortaleza esse placar é de 58,4% a 58,1% em favor da população não negra. Entretanto, o mesmo levantamento evidencia que, em 2011, a parcela de negros desempregados na maior parte das regiões ultrapassou 60%. As únicas exceções foram a capital gaúcha, onde foi diagnosticada a menor proporção de desemprego entre a população negra, em 18,2%, e São Paulo, onde o índice atingiu 40%. E, no caso das mulheres negras, a discriminação se agrava, fazendo com que a taxa de desemprego entre elas seja maior inclusive que entre as mulheres não negras.
A disparidade ocorre também em termos salariais, sendo que a remuneração dos negros é menor em todas as regiões metropolitanas pesquisadas. Em Salvador, para se ter uma ideia, a hora trabalhada por um negro corresponde a apenas 60,9% da quantia recebida por um não negro. A menor diferença foi encontrada em Fortaleza, embora ainda traduza uma situação extremamente desigual. Na capital cearense, os valores das horas de trabalho dos negros correspondem a 73,3% dos recebidos por quem não tem a mesma cor de pele.
Da redação, com informações do Dieese