Sindicatos e movimentos sociais realizam seminário sobre desafios na luta por direitos em 2024
Vigilância constante em defesa da democracia, contra o fascismo e a luta por mais direitos aos trabalhadores estão entre os principais planos
As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo realizaram nessa segunda-feira (5) seminário sobre os desafios dos movimentos sociais para o ano de 2024. Em pauta, a retomada de um calendário comum de lutas, com propostas de interesse popular. Participaram do evento cerca de 250 lideranças de diferentes entidades, como sindicatos, partidos progressistas e movimentos sociais, como o de moradia.
A plenária ocorreu no galpão do Armazém do Campo, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na região central de São Paulo. “Estamos juntos, frentes e centrais sindicais, para discutirmos um processo organizativo de resistência que nos permita enfrentar o fascismo e também discutir nossa relação com o governo. Ora na defesa, ora na reivindicação dos direitos dos trabalhadores”, afirmou o líder do MST João Paulo Rodrigues.
O presidente da CUT, Sérgio Nobre, destacou a relevância da participação popular para garantir a democracia frente às investidas de golpistas liderados por Jair Bolsonaro. E também apontou para o futuro. “A unidade dos movimentos sindical e popular foi fundamental para a nossa vitória em 2022. Contudo, será ainda mais importante este ano e em 2026”, disse.
Pauta no Congresso
As organizações sociais falaram sobre os desafios por período. Inicialmente, já para este semestre, Sérgio Nobre apontou batalhas para travar no Congresso. “Neste primeiro semestre, temos uma pauta do movimento sindical que é muito importante para nós no Congresso Nacional e que vamos ter que dar uma prioridade muito grande.”
Ele destacou o desmonte sofrido pelos sindicatos após a “reforma” trabalhista de 2017. Desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, as entidades de representação dos trabalhadores sofreram nas mãos de governos ultraliberais, que priorizaram os setores mais abastados da sociedade em detrimento dos mais pobres. “O movimento sindical, com o golpe, foi o primeiro a ser desmontado. Eles desmontaram a nossa organização, estamos sem financiamento desde 2017 e a gente precisa recuperar para poder fazer a luta, essa pauta está no Congresso.”
Além dos ataques contra sindicatos, o capitalismo tardio ainda trouxe categorias que mal se encaixam nas estruturas de proteção: pejotizados, precarizados, “uberizados”. “Essa nós temos que ganhar na sociedade, é a que garante proteção dos trabalhadores e trabalhadoras por aplicativos. Essa juventude que trabalha no Ifood e Uber da vida, que fala que é empreendedora, mas não é, porque são trabalhadores e trabalhadoras precarizados”, destacou o sindicalista.
Defesa e cobrança
João Paulo Rodrigues lembrou que todo o apoio dos movimentos sociais para combater o fascismo bolsonarista, agora deve ser compensado. Assim, o governo federal deve dialogar, de portas abertas, e garantir articulação em defesa do povo. “Nós, dos movimentos populares, temos a responsabilidade de nos organizar para cobrar o governo, mas também defendê-lo para que possa trabalhar e seguir com as transformações.”
Daiane Araújo, da Frente Brasil Popular, concorda. “Os movimentos sociais fizeram uma bonita e importante luta contra o golpismo e o bolsonarismo, porque entendemos que a unidade é nossa força. Agora precisamos sair daqui hoje com uma agenda de lutas para avançarmos.”
Quem também falou sobre estes desafios foi o ex-ministro José Dirceu, advogado e militante histórico do PT. “Na gestão Bolsonaro tivemos ataques claros aos direitos trabalhistas. Agora, precisamos reconquistar espaços e a confiança do povo brasileiro. Então, voltarmos para as bases. Para isso, então, fortaleceremos entidades, inclusive conselhos tutelares”, disse.