Sinpro Campinas e Região: Em romance de estreia, Virgínia Ferreira aborda influência da tortura praticada pelo regime militar no psicológico dos sobreviventes
A escritora Virgínia Ferreira lançou, na última segunda-feira (18), em Brasília, seu primeiro romance Chumbo. No livro, ela propõe uma reflexão sobre a influência da violência política praticada durante a ditadura militar brasileira no psicológico dos sobreviventes que foram torturados.
“Vozes, pensamentos e as memórias pessoais, coletivas e históricas vão e vem com intuito de confrontar o silêncio imposto pelo trauma pessoal e pela estrutura fascista. A narradora nos fala dessa angústia”, garante o escritor e professor Jacques Fux na orelha da obra.
Ele destaca ainda que o livro de Virgínia Ferreira deveria ser lido diversas vezes e também estudado. “É a escrita da dor, é escritura dolorosa, é a revelação da dor da vida, da dor do texto, da dor da memória e da palavra.”
Nas páginas, ela fala sobre as dores da violência política por meio das histórias de Ana e seu tio Paulo, que foi preso em 1969 e torturado. Os dois criaram uma ligação na infância da menina e suas histórias passam a se cruzar novamente quando ela começa uma jornada de autoconhecimento.
Virgínia Ferreira nasceu em Belo Horizonte, em 1976. Cresceu entre Ribeirão Preto e Campinas. Hoje, mora em Brasília. É doutora em Antropologia pela UFRJ e servidora pública no Ministério da Cultura. Publicou os contos “Algum livro” na antologia “Conto a Gotas” (Dedalus, 2021) e “A brincadeira” na coleção Férias Macabras (e-book Amazon Kindle, 2023). Durante a pandemia, criou a live “Vinho e Escrita”, quando conversa com outros escritores. Foi leitora crítica em curso de escrita, tem atuado como editora de contos e mentora para a escrita de livros.