Sinpro Campinas e Região: Entrevista com Profa. Carolina Costa é eleita delegada sindical do Senac Piracicaba
No último dia 22 de agosto, a professora Carolina Fontes de Paula Costa foi eleita por seus colegas como delegada sindical e agora será a representante do Sinpro Campinas e Região dentro do Senac Piracicaba, onde leciona. Ela tem 30 anos e é responsável pela disciplina de Artes e Tecnologias.
Carolina Costa terá um mandato de dois anos. Nesse período, ela servirá como ponte entre os demais professores do Senac e o sindicato, mantendo constante diálogo com a base e trazendo ao Sinpro as suas demandas e necessidades. Caberá também à delegada sindical mediar conflitos, ajudar a mobilizar a categoria e a divulgar nossas assembleias, ações e demais atividades que possam interessar aos colegas.
O portal do Sinpro Campinas e Região entrevistou a professora para repercutir suas opiniões sobre o movimento sindical e os principais desafios que terá à frente do cargo.
Sinpro – Quando e como você tomou a decisão de se sindicalizar?
Carolina Costa – Me sindicalizei em 2020, poucas semanas depois de entrar no Senac, assim que o Sinpro entrou em contato com a base daqui. Não me lembro se já tínhamos entrado na pandemia. Tomei a decisão pela consciência da importância da organização da categoria, que começa pelo sindicato.
Na sua opinião, qual é a importância do sindicato para os professores na atual conjuntura?
Antes de qualquer coisa, um trabalhador sozinho é não só vulnerável, mas inofensivo. Não tem arsenal para se defender nem atacar quando necessário, virando presa fácil de um sistema que conhece bem essa fraqueza e que trabalha pesado em manter uma competição interna no lugar da camaradagem. O sindicato é necessário, mesmo na conjuntura mais tranquila, para dar segurança aos professores não só num sentido jurídico, mas mostrar que há força coletiva além da mera reação às adversidades. Numa conjuntura em que nós, professores, nos vemos atacados pela incerteza trazida pelo sucateamento da educação pública e pela transformação da educação em mercadoria por grandes conglomerados, o papel do educador é desafiado e colocado como se fosse o de um “técnico”, como se a sala de aula não fosse local de disputa política, de questões sociais que atravessam as paredes da escola. Nesta situação, o sindicato deve se colocar como protetor da integridade da categoria, ao mesmo tempo que afirma sua importância social, assim como a importância da educação como um todo. A defesa da educação está ligada à defesa do corpo docente e de sua qualidade de trabalho e de vida; e o professor precisa de um senso de coletivo, de pertencimento, através de um sindicato forte e consolidado.
Você foi eleita delegada sindical na escola em que atua. Qual será o seu papel a partir de agora?
Manter um senso de coletividade, de camaradagem. Temos diferenças entre nós, mas somos uma categoria passando pelas mesmas dificuldades – precisamos de coesão interna para resolver nossas questões e propor soluções. Isso passa por motivar os professores da base a se sindicalizarem e se manterem ativos na discussões sindicais, a estarem nas assembleias, a repassar o que foi tratado nos espaços de discussão aos que não foram, a estar de corpo presente no espaço que represento – ser, de fato, uma ponte ente a base e o sindicato. O primordial é entender que se trata de uma posição de representação, não de decisão individual – a base precisa ser fortalecida em seu coletivo e nas suas decisões conjuntas. Não é, simplesmente, sobre mim.
O que você diria aos colegas professores que não se sindicalizam por medo de ficarem “marcados” ou por não confiarem no trabalho do sindicato?
Marcado ficaria um só professor sindicalizado em meio a vários não sindicalizados – é outra relação de forças quando a maioria dos professores é sindicalizada e ativa. Quanto à confiança no trabalho, não existe sindicato perfeito, ou organização política ideal. O que existe é o que foi materializado a partir das discussões e decisões internas – por isso a importância da participação, começando pela sindicalização e pela tomada das decisões coletivas com sua base. A prática é critério da verdade.
O que um professor deve fazer para se candidatar a delegado sindical em sua unidade de ensino?
No sentido burocrático, se atentar à possibilidade desta vaga em sua unidade e ver com o sindicato qual o período de inscrições, ser sindicalizado, essas coisas. Mas, no sentido mais político da coisa, ser próximo dos professores com quem trabalha, observar seu cotidiano com a coordenação, estar a par das discussões que são levantadas, se mostrar disposto a ouvi-los, a buscar e trazer informações. No sentido, talvez, humano, entender que, por mais que se trate de uma posição de uma só pessoa, ela é escolhida por muitas outras; ter a humildade de lembrar, sempre, que não se trata de aspiração individual, mas uma grande responsabilidade coletiva. Novamente, a camaradagem.
Por Bruno Ribeiro