Sinpro Macaé e Região: Nota aberta contra volta às aulas presenciais sem vacina
Quem irá se responsabilizar?
E se um professor morrer? Se algum aluno morrer? Se familiares de alguém da comunidade escolar vierem a óbito? Quem irá se responsabilizar? Voltar às aulas baseado em quê? Por que voltar às aulas presenciais se os profissionais da educação e estudantes estão distantes de serem vacinados?
Quem vai garantir que haverá distanciamento social nas salas de aula? Quem vai monitorar o uso de máscaras permanente? Quem vai assegurar a circulação do ar e a higienização dos banheiros e espaços de lanches? As salas e banheiros serão ventilados?
É sabido que se o ano letivo de 2020, mesmo remotamente, foi um sucesso, foi porque professoras e professores se dedicaram como nunca. Usam seus próprios equipamentos e desembolsaram mais despesas como luz e água em um momento em que vários profissionais tiveram seus vencimentos reduzidos. Está provado que é possível estender as aulas on-lines neste momento que o Brasil vive um dos piores momentos da pandemia. Nas últimas 24 horas morreram 1340 pessoas por Covid-19. Estes números não assustam mais empresários e líderes políticos new liberais.
O ano letivo já começou em diversas cidades da área de abrangência do Sindicato dos professores de Macaé e Região e nenhuma delas apresentou um plano sanitário que garanta a saúde e a vida dos docentes colocando estes profissionais na lista de prioridade de imunização. Sim! Foram 1340 vidas ceifadas em 24 horas. Estes números não assustam mais?
O Sinpro Macaé mantém seu posicionamento de que só é possível voltar quando, todos os brasileiros estiverem imunizados contra o Coronavírus, que é a indicação da comunidade científica mundial. Para isso, é preciso que todas as esferas governamentais (municipal, estadual e federal) apresentem um plano de vacinação consistente.
O Sinpro sabe que há uma pressão do Sindicato Patronal e empresários para que as escolas retornem suas aulas presenciais normalmente mesmo sem as vacinas para que mães e pais voltem a ocupar seus postos de trabalho. Esta é a lógica econômica que vem colocando o lucro acima da vida. Professores, professoras, pedagogos, agentes de portarias, diretores, entre outros profissionais que atuam no ambiente escolar querem e precisam voltar. Alunos precisam frequentar novamente os bancos escolares, mas só diante da imunização.
Outro olhar crítico está sobre as diferenças entre escolas públicas e particulares que se mantém até diante da pior crise sanitária do planeta. O Sinpro Macaé analisa que nenhuma escola deve voltar; nem as particulares, nem as públicas, e que os protocolos devem ser únicos. Se o setor da educação privado voltar alegando estar mais preparado, só reforça a segregação. O lucro continua acima da vida.
Sem contar na nova Síndrome Inflamatória, que ataca predominantemente crianças e jovens, um mês após o paciente ter curado da Covid-19. No Reino Unido, país que tem levado a sério o combate a Covid-19, cerca de 100 pacientes são internados semanalmente. No Brasil o problema se torna ainda bem maior com a displicência dos governos. Só em Minas Gerais, 60 crianças foram diagnosticadas com o problema em 2021. Em todo Brasil, 40 delas perderam as vidas pelo agravamento da doença. Esta “extensão” da Covid-19 pode acontecer com alunos caso voltem a sair todos os dias de suas casas para escola. Quem vai se responsabilizar?
As crianças não são imunes, e por serem em sua maioria assintomáticas, aumentam as chances de transmissão do vírus. Segundo levantamento recente da Fundação Oswaldo Cruz, 9,3 milhões de pessoas idosas ou com comorbidades convivem diretamente com crianças em idade escolar e aumentariam as chances de morte. Destacamos que muitos trabalhadores da Educação são do grupo de risco e não poderiam voltar ao trabalho presencial nessas condições.
Mesmo com os protocolos sanitários, o Sinpro entende que não há uma segurança total sobre a vida da comunidade escolar. O retorno gradual tem que acontecer a partir do momento que este público for prioridade na imunização, como preconiza as principais instituições científicas, e os parâmetros sanitários e epidemiológicos para ter retorno das atividades pedagógicas presenciais.
O Sinpro quer participar de uma construção coletiva dos protocolos que organizarão o retorno das aulas em 2021, mas, reafirmando que não há condição de retorno, visto que os parâmetros para este retorno têm de ser sanitários e epidemiológicos, e não políticos ou mercadológicos.
Nesta compreensão, o Sinpro Macaé e Região segue reafirmando seu posicionamento contra a volta às aulas presenciais, acentuando que a preocupação e a defesa pela saúde e segurança de todas e todos é mais importante que qualquer tentativa de retorno das aulas presenciais.
O Sinpro Macaé se alinha à ideia do doutor em ciências e professor da Universidade Federal do ABC, Fernando Cassio, que no site Nexo corroborou a pergunta “Quem vai se responsabilizar quando morrer o primeiro estudante e o primeiro professor”. Para ele, segundo o artigo, é o Estado. Sim, o Estado é quem tem o poder de decisão como a elaboração e publicação de decretos com flexibilidades.
O Sinpro Macaé vai pressionar. Aulas presenciais só depois de vacinados!!!
Do Sinpro Macaé e Região