Sinpro Minas: Adiar o Enem: uma luta que precisa ser de todos/as nós
O Brasil está na casa dos 200 mil óbitos pelo novo coronavírus, além dos mais de 7 milhões de pessoas infectadas e com grande percentual de sequelas, que variam de leves a graves. Em muitos municípios, como em Belo Horizonte, as prefeituras têm optado por voltar a fechar o comércio, deixando abertos apenas os serviços essenciais. Os leitos em muitos hospitais já estão lotados e a vacina ainda não tem data para ser iniciada no Brasil.
No meio deste quadro assustador, o governo federal insiste em realizar o Enem agora em janeiro, obrigando cerca de 5, 7 milhões de estudantes inscritos/as a irem para as ruas e instituições, onde serão realizadas as provas.
Mesmo com manifestação de estudantes de todo o país e uma grande campanha (#adiaEnem) realizada pela União Nacional dos Estudantes (UNE), o MEC manteve a data definida em julho do ano passado, quando se decidiu passar o concurso de dezembro para janeiro e não para maio, como pediram os estudantes na pesquisa realizada pelo próprio MEC. Assim, os/as candidatos/as deverão comparecer nos dias 17 e 24 de janeiro nos locais das provas.
Nas redes sociais, a UNE critica o MEC por não ter ouvido a opinião dos/as estudantes. A entidade que representa os/as inscritos/as no ENEM, explica que, além do aumento do número de casos da doença e da falta da vacinas, precisaria se levar em conta também que vários estudantes não tiveram acesso à internet para estudar e que, neste período de educação remota, aumentou a desigualdade educacional. No dia 5 passado, a UNE voltou a postar na sua página do Instagram (@uneoficial) um pedido que escancara o descaso do governo: “Nós queremos diálogo! Faltam 12 dias para início das provas do ENEM, enquanto isso, o MEC não se pronunciou sobre o aumento de casos e mortes por conta de complicações de coronavírus. Nem as medidas de biossegurança da aplicação. Exigimos explicações”.
No Instagram, na página @estudantesninja , onde é debatida a necessidade da democratização da educação, foi compartilhado o depoimento de uma estudante (Nataly Silva) que evidencia as consequências da realização do ENEM agora – especialmente para os estudantes com mais dificuldades de acesso ao estudo remoto, que se fez necessário em tempos de pandemia. “Meu sonho de entrar em uma universidade está sendo roubado. Adiar o Enem é pensar nas minorias, além de não colocar a nossa saúde e segurança e a dos nossos familiares em risco. A nossa voz precisa ser ouvida”, diz Nataly.
Representantes da UNE chamam a atenção para o fato de que a verba de 178,5 milhões de reais disponibilizadas para a medida de proteção para a realização das provas, compra de álcool em gel e aluguel de salas não foi usada pelo MEC. “Queremos um ENEM seguro, mas sabem quem não colabora? O próprio MEC! Quando dezenas de pessoas estão na mesma sala prestando o exame, as medidas de proteção são de extrema importância. A irresponsabilidade do MEC é gritante.”
A UNE, juntamente com a Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), entrou com um ação judicial no Ministério Público representando os/as estudantes. Em sua página no Instagram, a UNE pede às pessoas que também registrem uma denúncia individual: “É só entrar no SAC do Ministério Público Federal (MPF), área de denúncias. É um formulário que você preenche com a sua reclamação/denúncia de irregularidade. Vamos pedir o nosso #EnemSeguro #AdiaEnem.”
O Sinpro Minas se solidariza com a UNE, com todos os/as inscritos/as para o exame nacional, assim como com as pessoas que vão trabalhar nos locais das provas. A presidenta do sindicato, Valéria Morato, reforça que a postura do MEC é irresponsável assim como tem sido o governo federal que não pensou em nenhuma política de prevenção contra o coronavírus para o país. “Somos contra a prova do ENEM em janeiro porque sabemos os riscos em que o governo está colocando os/as estudantes e, por consequência, todo o país. Também estamos na luta pela campanha #adiaEnem e convocamos toda a sociedade para se unir a este apelo dos/as estudantes brasileiros/as”, diz Valéria Morato.
Saiba como criar um ação no Ministério Público pelo site da Ubes: https://ubes.org.br/2021/