Sinpro Minas: Nota de repúdio à Secretária de Educação de Varginha
“Vocês estão assistindo ao judiciário, sabe que está com dificuldade na vacina. Não tem vacina para esses professores para amanhã, depois ou daqui um mês ou dois meses. E se tivesse, falariam que não iriam voltar, que iriam esperar que as crianças fossem vacinadas. Eles vão querer se aposentar em home office. Tem que voltar, professor que não quiser, que arrume outro trabalho”.
Essa foi a afirmação da secretária de educação de Varginha, Gleicione Aparecida Dias Bagne de Souza, em reunião realizada com diretores de escolas sobre o retorno às aulas presenciais no município.
O Sinpro Minas manifesta repúdio ao pensamento da secretária que, além de desrespeitar o trabalho docente, desconsidera o momento crítico que temos passado com o avanço da pandemia. O boletim diário divulgado pela secretaria de saúde do município na última quarta-feira, 29/4, confirmou mais novos 24 casos de Covid-19, que incluem duas crianças (2 e 4 anos) e também adultos na faixa etária de 30 a 50 anos, o que confirma a expansão da nova variante do vírus, que já não se limita ao grupo de risco. Com os novos registros, Varginha atinge a triste marca de 8.846 casos, sendo que 191 evoluíram para óbito.
A afirmação da secretária, infelizmente, reflete um pensamento equivocado sobre a postura de professores/as. “A categoria está sobrecarregada e ainda sendo acusada de não querer trabalhar. Estamos em um momento complexo, em que defender a vida é interpretado como ‘preguiça’”, lamenta a presidenta do Sinpro Minas, Valéria Morato.
Valéria ainda destaca que as escolas e muitas vezes o próprio poder público estão fechando os olhos para o risco que o ambiente escolar apresenta neste momento. “Vamos seguir afirmando que queremos sim o retorno às aulas presenciais, mas com segurança. Não fazemos “birrinha”, como afirma a secretária. Se a educação é tão essencial para a sociedade, porque não podemos reivindicar a vacinação prioritária para a categoria?”, questiona Valéria.
O Sinpro Minas segue acompanhando a eficácia e aplicação dos protocolos, mas amparado em estudos científicos, que têm revelado as limitações de medidas em um ambiente extremamente propício ao contato. Um estudo realizado por especialistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT), publicado na última terça-feira, 27/4, pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, revela que embora a distância de 1,80 m possa ajudar a prevenir a propagação de grandes gotas de saliva ou secreções que carregam o coronavírus e outros germes, ela é insuficiente para proteger as pessoas de pequenas partículas, ou seja, não impede o contágio.
“Desde o início da pandemia, nos amparamos na ciência e seguiremos na luta mantendo essa postura”, afirma Valéria. O sindicato já entrou com ação judicial contra a volta às aulas presenciais no município e tem tomado as medidas cabíveis e necessárias para que o retorno às aulas presenciais não represente uma ameaça à vida de professores/as e de toda a comunidade escolar.