Sinpro Minas: Professores aprovam nova assembleia com paralisação na quarta-feira (17/5)
Por unanimidade, professores de escolas particulares de Belo Horizonte e cidades de abrangência da CCT/MG decidiram paralisar novamente as atividades na próxima quarta-feira (17/5), quando farão nova assembleia, às 15 horas, para decidir o rumo da campanha reivindicatória deste ano.
O local será o mesmo: Associação Médica de Minas Gerais – Auditório Borges da Costa – Avenida João Pinheiro, 161 – Centro.
A decisão da categoria foi tomada na assembleia com paralisação de quinta (11/5), com a participação de professores de diversas escolas, que aderiram ao movimento.
Os docentes reafirmaram a pauta de reivindicações da categoria e voltaram a rejeitar a contraproposta patronal (Sinepe MG), que prevê retirar conquistas históricas. Os professores também aprovaram a continuidade do estado de greve e das negociações com o patronal, desde que os direitos da categoria sejam mantidos e que o reajuste dos salários seja acima da inflação.
Durante a assembleia, os docentes relataram situações de sobrecarga de trabalho e criticaram a postura dos empresários do setor, que se recusam a valorizar a categoria. Há anos, os professores estão sem ganho real. Em 2020, a reposição foi de 0%. Em 2021 e 2022, o reajuste não repôs nem a perda da inflação, e a defasagem salarial já se acumula em 20,01% nesse período.
Apesar disso, os donos de escolas ofereceram apenas 4,36% de recomposição, mesmo assim dividido em duas vezes (abril e outubro). Esse reajuste está condicionado, de acordo com a proposta deles, à aceitação pela categoria da divisão da CCT em duas (ensino básico e superior), da redução do adicional por tempo de serviço de 5% para 3% e do fim da isonomia salarial entre trabalhadores de uma mesma escola.
“Acabar com a isonomia e reduzir o adicional por tempo de serviço representa na prática muitas demissões, porque eles vão mandar embora os professores que estão hoje empregados para contratar outros, com salários menores. E sabe qual o argumento deles em mesa de negociação? Eles dizem abertamente que precisam obter mais lucro e que só conseguem fazer isso diminuindo a folha de pagamento. Ou seja, querem aumentar a já elevada margem de lucro do setor às custas das nossas condições de vida e trabalho. Não dá mais para suportar esse desrespeito, estamos no limite, e é por isso que a categoria está tão indignada”, destacou a presidenta do Sinpro Minas, Valéria Morato.
O diretor do sindicato Carlos Magno, membro da comissão de negociação, ressaltou a luta dos professores ao longo da história. “Essa categoria nunca falhou em lutar pelos seus direitos. Foi com muita mobilização e greve que conquistamos o adicional extraclasse”, disse o diretor, que também criticou a mercantilização da educação, ao citar a reportagem do jornal Valor Econômico desta quarta (11/5), com números de crescimento de empresas que atuam no setor (clique aqui).
“Vivemos uma nova fase, de mercantilização acelerada, mas com algo em comum em relação ao passado: o grau de exploração por qual passamos. Essa proposta do patronal é um acinte à nossa categoria”, afirmou Carlos Magno. Ele explicou para os professores na assembleia que a proposta dos donos de escolas de separar as Convenções tem o objetivo de dividir a categoria e enfraquecer a luta por melhores condições de vida e trabalho. “Por que dividir a Convenção? Porque há interesses do mercado. Em Goiás, onde há duas convenções, os professores do ensino superior estão há quatro anos sem uma Convenção Coletiva de Trabalho assinada”.
Os professores também denunciaram na assembleia os casos de assédio e pressão no interior das escolas, com o objetivo de evitar a adesão da categoria à paralisação e a participação na assembleia. Algumas instituições de ensino, por exemplo, têm antecipado o reajuste de 4,36%, para tentar desmobilizar os professores. “Não é só o reajuste que nos interessa. Queremos o respeito à nossa profissão e a garantia dos nossos direitos”, disse uma professora.
“Vamos ampliar nossa mobilização e mostrar para os empresários do setor que não aceitamos essa postura absurda, de total desvalorização. Não vamos desistir da luta em defesa da nossa dignidade profissional! Sem valorizar os professores e professoras, não há qualidade da educação”, ressaltou Valéria Morato.