Sinpro Minas: Professores decidem nova assembleia com paralisação no dia 9 de maio
Os professores da rede privada de ensino aproveitaram o feriado do Dia do Trabalhador para dar um recado em praça pública: só há educação de qualidade com professores valorizados!
Vestidos com a camiseta azul da campanha reivindicatória deste ano, que tem como slogan Professores valorizados, Educação pra valer, os professores deram um colorido especial à Praça Carlos Chagas, em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais, na manhã deste 1º de maio.
A categoria decidiu realizar nova assembleia com paralisação das aulas no dia 9 de maio, às 10 horas, no Dayrell Hotel (Rua Espírito Santo, 901, Centro – BH).
Em assembleia, os professores reafirmaram a pauta de reivindicação da categoria e rejeitaram a proposta do Sinep/MG, que prevê somente o reajuste dos salários pelo INPC (7,22%). A negociação entre o Sinpro Minas e o Sinep/MG não avançou na última reunião, no dia 30 de abril, quando o Sinpro Minas realizou uma manifestação na porta do sindicato patronal.
O patronal não ofereceu aumento real e não sinaliza boa vontade para avançar na discussão sobre os outros pontos da pauta de reivindicação dos professores. A data-base foi prorrogada até 15 de maio e, no dia 7/5 (terça), está prevista nova reunião de negociação.
Manifestação de professores em frente ao patronal
Durante a assembleia, nesta quarta-feira, o presidente do Sinpro Minas, Gilson Reis, falou sobre a importância do 1º de maio, resgatando fatos históricos que deram origem à data. “A contradição é que atualmente os professores, muitas vezes, têm uma jornada superior à daqueles trabalhadores que no passado lutaram pela redução da extensa jornada”, disse.
Gilson Reis criticou a precarização das condições de trabalho dos professores e voltou a cobrar do patronal a valorização da categoria. “Há colegas que trabalham em três escolas e, à noite, têm de corrigir provas, lançar notas, preencher formulários, elaborar aulas, testes, responder emails de alunos e da direção, estudar, entre outras atividades que passamos a exercer e que crescem a cada dia, com as novas tecnologias e a pressão das escolas. Acabamos nos transformando em escravos do trabalho. Por isso, neste 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador, temos de refletir sobre como melhorarmos nossas condições de trabalho, pois infelizmente os donos de escolas não compreendem a importância dos professores para a educação”, ressaltou.
“É nesse sentido que o nosso movimento é de luta pela qualidade do ensino, pela valorização dos professores e pelo futuro do nosso país”, completou Gilson Reis, que convocou a categoria para ampliar ainda mais a mobilização nos próximos dias. Para ele, o momento é propício para avançar, mas não há outra forma de conquistar, senão com mobilização.
A professora Valéria Morato, vice-presidente do Sinpro Minas, fez uma retrospectiva das negociações até o momento, lembrando que os patrões chegaram a propor alterações em cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho, como quinquênio, garantia de salário, assim como a mudança das férias em função do calendário de aulas durante a Copa do Mundo no Brasil. “Eles diziam que só iam discutir o índice de reajuste depois que resolvessem essas questões, mas com a nossa mobilização houve um recuo dos patrões”, afirmou.
O diretor do Sinpro Minas Newton de Souza lembrou que, em 1989, a categoria fez uma greve de 36 dias com a participação de mais de duas mil pessoas, reunidas no pátio da Assembleia Legislativa, o que resultou na conquista do adicional extraclasse, garantia de salário e o direito de eleger delegados sindicais. “A nossa luta não mudou. Todo ano as negociações são difíceis, mas temos que mostrar que somos capazes de lutar pela melhoria das condições de trabalho, vencendo os desafios”, afirmou.
Algumas escolas já concederam, a título de antecipação, reajustes pelo INPC e até mesmo acima deste índice. Para a diretoria do Sinpro Minas, isso mostra que a categoria não pode fechar um acordo sem ganho real. “É importante lembrar que as verdadeiras conquistas são coletivas e que, somente com união será possível avançar. A paralisação durante a próxima assembleia será decisiva para mostrar que não aceitamos desrespeito e exigimos dignidade e valorização”, afirmou Gilson Reis.
Sobrecarga de trabalho
Durante a assembleia, professores avaliaram a possibilidade de iniciar uma greve após a assembleia do dia 9 de maio (quinta-feira), caso os donos de escolas insistam em não valorizar a categoria. Eles reclamaram da sobrecarga de trabalho e exigiram melhores condições de trabalho e salários. Alguns docentes também denunciaram a pressão exercida no interior das escolas para que a categoria não paralise as atividades.
Uma professora do Colégio Loyola demonstrou indignação com a desvalorização dos professores da educação infantil. “Fico indignada de ver que onde mais precisa de investimento, que é na educação infantil, há uma defasagem salarial tão grande. É até os sete anos que acontece o maior desenvolvimento cognitivo da criança. Por isso estamos falando da base da educação, e é esse professor que mais precisa ser valorizado”, afirmou.
Pais declaram apoio
Pais de alunos da rede particular de ensino que estavam no local receberam um comunicado, com informações sobre as condições de trabalho dos professores, e declararam apoio às reivindicações da categoria. “Os professores estão desvalorizados. É preciso valorizá-los, pois a educação é a base de tudo”, disse Hugo Martins.
“Apoio essa luta dos professores, porque eles são responsáveis por formar a sociedade. Eles dedicam suas vidas para ensinar e melhorar a vida dos outros, mas não são valorizados”, declarou Luciana Moura (foto), mãe de aluno de escola particular em Belo Horizonte. “É uma situação difícil, pois eles cuidam da educação da população, mas não têm contrapartida financeira”, afirmou Eliane Ferreira Soares, também mãe de estudante da rede privada.
O diretor do Sinpro Minas José Carlos Arêas avalia que é grande o apoio dos pais, alunos e da sociedade de um modo geral às lutas dos professores. “A simpatia da população é um elemento positivo nesta campanha”, afirmou.
O ato dos professores nesta quarta-feira também contou com intervenção artística, realizada por um grupo de atores e músicos, que chamou a atenção de quem passava pelo local. As intervenções culturais com apelo lúdico têm sido importantes para reafirmar a necessidade de valorização com a equiparação dos pisos do ensino infantil, como reivindica a categoria na pauta entregue ao Sinep/MG.