Sinpro Minas: Professores do Inap em greve e nova assembleia (20/8)
Em assembleia na última segunda-feira (13/8), professores do Inap decidiram pela manutenção da greve até pagamento de parte dos salários atrasados. Na assembleia, que ocorreu no Sinpro Minas, os docentes avaliaram as conversações ocorridas entre a direção da escola e o comando de greve, assistido pelo Sindicato através do diretor Edson de Paula.
A direção da escola vem afirmando que está atraindo um investidor e que precisa contar ainda mais com a paciência e boa vontade dos professores, alguns dos quais não recebem salários há mais de oito meses. A escola deve inúmeros salários, férias, 13º e outras obrigações trabalhistas, além de não reajustar os salários há quase 10 anos. O Inap é uma escola reconhecida pela excelência de seus professores e, por causa disso, virou referência no ensino de artes e design. Mas, paradoxalmente, as receitas advindas dos alunos não são revertidas para pagamento dos salários dos docentes, sendo que muitos professores – ultimamente – pagam para trabalhar, situação que os levou à greve.
À luz dos fatos, os professores decidiram atender ao pedido da escola e dar um voto de confiança ao futuro da instituição.
Assim deliberaram:
1) Manter o movimento paredista e suspendê-lo imediatamente após a quitação dos últimos dois meses de salários não pagos e assinatura de acordo prevendo o pagamento dos salários futuros dentro do prazo legal e estabilidade no emprego para todos os professores, ficando pendentes de negociação o pagamento de outros salários ainda em atraso, inclusive 13º e férias;
2) Formar uma comissão de acompanhamento financeiro para atuar junto ao administrador, senhor Alexandre Barbosa, indicado pela direção da escola como responsável pela interlocução com os professores;
3) Garantir o direito de eleger um um representante sindical com as prerrogativas previstas na Convenção Coletiva de Trabalho;
4) Manter conversações permanentes com a direção da escola na procura da regularização definitiva das relações trabalhistas.
O comando de greve fará nova reunião logo após a resposta da escola.
Nova assembleia foi marcada para o dia 20, segunda-feira, às 14h, na sede do Sinpro Minas – Rua Jaime Gomes, 198 – Floresta.
Carta aos professores do Inap redigida pelos presentes na assembleia do dia 13/08
Amigos e amigas, professores e professoras do Inap:
Nós, do magistério, costumamos ter a maior satisfação em dar aulas e interagir com nossos alunos num processo de construção do conhecimento e do pensamento mais avançado.
A execução de nossas atividades é sempre revestida de muita doação e de extremo profissionalismo. Ao longo dos anos, nos impregnamos da escola e nos sentimos parte dela.
Mas, infelizmente, o INAP, hoje, não retribui aos professores o mesmo respeito e a mesma consideração com que cuidamos da escola.
Salários sempre atrasados, descumprimento das obrigações trabalhistas, incertezas quanto à jornada de trabalho, indefinições sobre os rumos da escola, ameaças veladas ou explícitas fazem nossa história nos últimos anos.
Tentamos e queremos superar todas as dificuldades que nos foram impostas. Mas, a administração do Inap tem que dar sinais concretos de que também quer superar eventuais dificuldades da instituição; Não pode se limitar a fazer promessas e declaração de intenções.
Após inúmeras conversações entre os professores, feitas reuniões amplamente anunciadas, ponderadas todas as razões, convocamos e realizamos uma Assembleia Geral Extraordinária para definir coletivamente nossos caminhos. Os debates foram intensos, esclarecedores e proveitosos.
Observamos que já são incontáveis as promessas de regularização e os pedidos de paciência a nós formulados. E nós, sempre, respondemos com tolerância, paciência e dedicação à instituição. Tudo isso em atenção aos alunos e à perspectiva de restabelecermos um ambiente digno para o exercício de nossa profissão.
Mas, avaliamos que chegamos ao limite: Tolerar essa situação por mais tempo é ferir de morte nossa dignidade, é desconstruir nossa profissão, é ser conivente com a perda de qualidade da educação que ofertamos. Nem nós, nem os alunos merecemos receber uma escola em permanente processo de desestruturação.
Frente aos descumprimentos das mínimas normas das relações de trabalho (como é o não pagamento regular de salários), frente à desconsideração e o desrespeito para com os professores e diante da inexistente transparência da administração do Inap, que parece se guiar pela falta de regras, e considerando que exaurimos todas etapas de conversações, decidimos exigir:
- O pagamento de todos os salários atrasados até o mês de julho, inclusive das férias e 13º não pagos;
- A atualização dos reajustes salariais devidos e não aplicados nos últimos dez anos e, consequentemente, a quitação das diferenças acumuladas;
- A aplicação da multa por descumprimento de obrigações, prevista na Convenção Coletiva de Trabalho.
E por fim, resolvemos:
- Realizaremos GREVE a partir do dia 13, segunda-feira, até que sejam atendidas nossas reivindicações.
Colega professor, colega professora, sabemos que foi uma medida extrema; porém, mais extremas são as condições a que fomos submetidos. Nessa hora grave precisamos de sabedoria, humildade e muita unidade entre nós. A melhor forma de defender a escola é lutar por condições dignas de trabalho e de ensino. O Inap se estabeleceu através da excelência de nosso trabalho. Não podemos permitir que esse trabalho se degenere em problemas administrativos.
Entramos em greve e convidamos a direção da escola para conversações sérias e consequentes; Iniciando pela regularização dos salários.
Todos estamos chamados a participar desse movimento: vamos parar agora, para o Inap não parar para sempre!
Em defesa da qualidade do ensino e da dignidade profissional!
Assembleia Geral Extraordinária dos Professores do Inap – convocada conforme Edital publicado.