Sinpro Minas: Sindicato lança revista e homenageia mulheres de luta

O Sinpro Minas lançou a 13ª edição da revista de gênero Elas por Elas, que traz artigos, reportagens e entrevistas sobre temas essenciais para uma reflexão como sororidade, valorização da vida, da ciência, da diversidade e o combate ao machismo, ao racismo,  à lgbtfobia etc. A revista traz também dicas de livros, sites, podcasts e filmes com viés educativo, feminista e progressista.

Na sua fala de abertura do evento, a presidenta do Sinpro Minas, Valéria Morato, afirma que a publicação chega em momento emblemático para o planeta e, em especial, para o Brasil. “Acalentamos a esperança de retornar  ao ‘novo normal’, conceito cujo significado varia de acordo com a realidade das nações. Por aqui, a nova normalidade traz consigo a urgência de reconstrução do país na sua base econômica e em sua dimensão social, com foco na retomada dos empregos, na reindustrialização e na proteção social. A pandemia tirou da invisibilidade a feminização da pobreza, que tem como pano de fundo a histórica inserção desigual das mulheres no mercado de trabalho, a remuneração menor do que a dos homens e a cultura patriarcal. O fenômeno também é consequência direta das políticas de precarização das relações trabalhistas, da expansão do trabalho domiciliar informal e da explosão da vulnerabilidade social”, afirma Valéria.

A presidenta do Sinpro reforça que parte significativa da feminização da pobreza está ligada à ausência de políticas públicas. “E o que vimos nessa semana foi a liberação do FGTS para as mulheres pagarem creche. Ou seja, mais uma vez, o governo empurra para as trabalhadoras a responsabilidade que é dele. Creche é política pública para as famílias e mais ainda para as mulheres. Nós, trabalhadoras em educação do setor privado, conhecemos bem como a superexploração atingiu nossos lares nos últimos dois anos. Reinventamos a pedagogia, as relações com estudantes e transformamos nossas casas em estúdios – muitas vezes arcando com todos os investimentos didáticos e tecnológicos. A exaustão do trabalho remoto suscitou novas bandeiras de luta, como o direito à desconexão e o direito de imagem”, acrescenta.

A noite de lançamento da revista foi aberta com a apresentação da Irmandade Nossa Senhora do Rosário, dos Homens e Mulheres Livres e também  da Guarda de Congo Nossa Senhora Auxiliadora, do bairro Nova Cintra.

Diversidade 

A cada edição desta revista, vibramos e nos esperançamos por poder compartilhar tantas histórias de resistência, protagonizadas por mulheres múltiplas, de realidades diversas.

E com esta edição de número 13, o sentimento é ainda mais intenso, como explica uma das editoras, Carina Aparecida. “Trata-se de  uma edição que buscou retratar a árdua travessia das mulheres, nos últimos anos: no mundo do trabalho, enfrentando tantos retrocessos e uma permanente desigualdade de gênero e em uma realidade pandêmica – sobrecarregadas com todas as consequências deixadas pelo novo coronavírus”.

Carina Aparecida  também produziu um vídeo sobre a publicação onde ela conta que a cada página, imprimimos a esperança por um  mundo livre da desigualdade de gênero.  “Mundo ainda sufocado com todas as consequências  sentidas pela pandemia do novo coronavírus. Ainda mais sufocadas, a mulheres, múltiplas,  diversas, em corpos, pensamentos, realidades e olhares. Mas que carregam historicamente o peso de tantas violências”,  afirma.

Nesta edição, Elas por Elas traz a constante luta das mulheres na política, a resistência das profissionais do sexo, , a reflexão sobre os impactos da pandemia nas subjetividades das mulheres, a luta pela sobrevivência das mulheres em situação de rua a história desvalorização das trabalhadoras domésticas, além de uma homenagem sobre o árduo trabalho das professoras e das profissionais de saúde em tempos de pandemia. A revista traz ainda matéria sobre bordadeiras que tecem resistência, indígenas que há séculos lutam em defesa da vida e da terra, além de imagens de mulheres que sentem, na própria pele, as marcas de uma sociedade que não aboliu o racismo. E diante de tantos desafios, a revista fala sobre a semente em defesa da vida: a importância da arte para nos guiar em busca de um novo futuro.

A revista Elas por Elas pode ser vista pelo link abaixo:

https://www.yumpu.com/pt/document/read/66844409/revista-elas-por-elas-maio-2022-web

Medalha Clara Zetkin

Logo após o lançamento da revista, o Sinpro Minas fez, como em todos os anos, a entrega da medalha Clara Zetkin a 11 ativistas por suas lutas em defesa dos direitos, participação política e emancipação das mulheres e toda humanidade, na construção de uma sociedade justa e igualitária.

Clara Zetkin é uma figura histórica do feminismo. Sindicalista, militante política, jornalista e professora,  nasceu na Alemanha, em 1857. Foi uma mulher  que dedicou sua vida à luta pela igualdade de oportunidades para as mulheres, o direto ao voto e à libertação da mulher trabalhadora.

As 11 homenageadas, com a medalha Clara Zetkin,  pelo Sinpro Minas são:

1 – Alessandra Martins Cordeiro: Integrante do movimento nacional da população em situação de rua e representante da ocupação Anita Santos, em Belo Horizonte. Já atuou também no Centro Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, no Canto da Rua Emergencial, trabalho importante que foi realizado em BH durante a pandemia (ver matéria na revista)  e, hoje,  trabalha  na Política de Redução de Danos.

2 – Ana Lúcia da Cruz Dias Campos: Tem formação acadêmica em  Relações Públicas. Moradora do bairro Nova Cintra, onde participa das pastorais da igreja São Tarcísio, do coral, da Pastoral Carcerária, no Apostolado da Oração e na Sociedade São Vicente de Paula. Secretária da Irmandade do Rosário dos Homens e Mulheres Livres, do bairro Nova Cintra, e Rainha  Congo Afro de Nossa Senhora das Mercês,  Ana Lúcia faz trabalho voluntário de ajudar famílias carentes, atendimentos corporais e espirituais em sua comunidade.

3 – Ana Rosa Campos: Natural de Manhuaçu (MG), é ativista pelo fim da violência doméstica. Bacharela em Direito e mestranda em Segurança Pública pela UEMG, Universidade do Estado e Minas Gerais.  É Policial Civil há 9 anos, atuando em Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher. Idealizadora de vários projetos na área de enfrentamento à violência doméstica, dentre eles o projeto “CHAME A FRIDA”, que vem ajudando a salvar vidas de mulheres vítimas de violência doméstica (matéria na revista).

4 – Cláudia Ferreira: nascida em Belo Horizonte, professora de matemática há 18 anos e mestre em educação (formação pela UFMG). Leciona em escola particular e municipal. Acredita na formação de uma sociedade mais igualitária por meio da educação de qualidade e para todos, em um Estado presente e forte na busca da igualdade de oportunidades e justiça social, em direitos iguais para todas as pessoas independente do gênero, orientação sexual, classe social, religião ou cor da pele.

5 –  Jade: trabalhadora sexual, fundadora e coordenadora do Coletivo Clã das Lobas, em Belo Horizonte. Integrante da Comissão IST/ AIDS; Integrante do CAB,  Centro de Pesquisa Clínica  da Faculdade de Medicina nos estudos da vacina do HIV Projeto Mosaico  UFMG; participante do COMEG (Comitê Municipal de Equidade de Gênero) e da REMIV (Rede de Enfrentamento de Violência Contra as Mulheres de Minas Gerais), com cadeira no Conselho Municipal Direito das Mulheres. É uma das idealizadoras e administradoras da primeira casa de acolhimento para trabalhadores/as sexuais de BH.

6 – Lavina Rodrigues: professora, pós-graduada em Gestão Educacional, formada em Ciências Físicas e Biológicas pela UNIFEM – Sete Lagoas. Tem  27 anos de experiência na área da Educação; foi diretora de escolas públicas e conselheira Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente, em Lagoa Santa. Hoje, é Coordenadora da Comissão do Plano Decenal dos Direitos Humanos para a criança e o adolescente de Lagoa Santa, e também vereadora. Eleita em 2020, sendo  a primeira mulher negra da Câmara de Vereadores/as daquele município. Foi, recentemente, nomeada procuradora da Procuradoria da Mulher na Câmara Municipal. Filiada à UNEGRO (União dos Negros do Brasil) e  à UNEGRO MULHERES, e é vice-presidente da Igualdade Racial do Estado de Minas Gerais/Cidadania. Participante ativa do Grupo Coletiva Feminista “As Luzias”, em Lagoa Santa.

7 – Leiva de Figueiredo Viana Leal: Há 50 anos luta pela escola pública justa e digna para todos/as. Aposentada pela Universidade Federal de Ouro Preto é, hoje, professora da Universidade Federal de Minas Gerais, no Mestrado de Letras. Realizou estudos de pós-doutorado,  junto ao Instituto Nacional de Pesquisas da França, onde atuou, também, como professora convidada. É mestre e doutora em Educação pela Faculdade de Educação da UFMG. Dedica seus estudos/pesquisas aos direitos linguísticos de pessoas excluídas socialmente, no âmbito dos direitos humanos. Tem  se dedicado à luta pela dignidade da educação, como Assessora do MEC, Consultora da UNESCO e de várias Secretarias de Estado no Brasil.

8 – Magdalena Rodrigues Magdalena Rodrigues* –  atriz, diretora teatral e, atualmente, responde pela presidência do SATED, Sindicato  dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de Minas Gerais. Foi vice-presidenta e presidenta da FIA LA – Federação Internacional de Atores Latino Americana; Integrou a Diretoria Administrativa do Congresso Brasileiro de Cinema; dirigente do Colégio Nacional de Sindicatos de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões, CONATED. Já recebeu vários prêmios como artista. Durante a pandemia, à  frente do SATED, trabalhou muito em prol dos artistas que ficaram sem recursos financeiros,   especialmente os  circenses que tiveram todas as atividades profissionais suspensas em função do isolamento social. Em 2020/21 integrou a Comissão de Gestão Estratégica da Lei Aldir Blanc no Conselho Estadual  de Política Cultural de Minas Gerais.

9  – Maria Adriana Xavier Silva: natural de Betim, formada em magistério pela escola Amélia Santana Barbosa,  e também  em cursos técnicos na área de administração pelo  Senac e curso de secretariado pelo Sindicato das Secretarias do Estado de Minas Gerais, Sindseng. Sempre atuou na luta pelos direitos dos trabalhadores. Maria Adriana  está há 33 anos no  Sindicato dos Metalúrgicos de Betim.

10 – Maria Aparecida da Cunha: Auxiliar de enfermagem, trabalhou em vários hospitais de Belo Horizonte. Como funcionária pública, foi auxiliar de enfermagem em nível federal e também municipal, no trabalho de atenção primária da prefeitura de Belo Horizonte. Participou como militante na construção e na organização do SUS na capital mineira.  Uma vida dedicada à saúde, sempre lutando em defesa da profissão, pelo piso nacional da enfermagem e também em defesa de todo servidor público. Aposentada, mas  atua como representante sindical do Convivendo, grupo do Sindibel,  Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte.

11 – Roberta Machado Santos:  produtora cultural há mais de 30 anos, formada em Administração de Empresas, membro do Conselho da Mulher Empreendedora da Associação Comercial e Industrial de Divinópolis e do Conselho da Mulher na Cultura. Há 21 anos, com o músico Gê Lara, coordena o grupo vocal Uirapuru Canto Livre, que visa valorizar a música brasileira através do canto popular. Durante o período de isolamento social, com a cadeia produtiva da arte desamparada, Roberta e um grupo de amigos criou o FAS – Fundo de Arte Solidária – para ajudar a suprir as diversas necessidades dos trabalhadores da cultura. Ela é defensora da luta pelo direito ao acesso aos bens culturais e acredita que educação e cultura devem estar sempre de mãos dadas.

Após a entrega da Medalha Clara Zetkin, as homenageadas falaram sobre suas experiências e a alegria de serem lembradas pelo Sinpro Minas. Todo o evento foi transmitido ao vivo pelo canal do Youtube do Sinpro Minas e pode ser visto pelo link:

No encerramento da noite, as mulheres foram agraciadas com a apresentação dos artistas  Gê Lara e sua filha Diana Lara, marido e filha da homenageada Roberta Machado.

Para acessar as fotos do evento, clique aqui! 

Do Sinpro Minas

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