Sinpro-Rio: Manifesto à sociedade carioca – Ainda não é hora de retorno às aulas presenciais nas escolas!
Reafirmamos nosso repúdio ao anunciado decreto do Governo do Estado do Rio de Janeiro que propõe a volta às aulas presenciais nas Escolas Particulares, a partir de 14 de setembro de 2020, conforme posição praticamente unânime da categoria dos/as professores/as que trabalha no ensino privado no município do Rio de Janeiro e na área estendida – que compreende os municípios de Itaguaí, Paracambi e Seropédica -, pois, em todas as suas Assembleias, realizadas durante a pandemia que assola o mundo, decidiu por não retornar às aulas presenciais enquanto as condições sanitárias não estiverem totalmente sob controle. Manifestamos, assim, nossa firme posição contrária ao mencionado decreto estadual que libera a volta às aulas presenciais na rede privada de Ensino, já no dia 14 deste mês, ou seja, na próxima segunda-feira.
Diante desse fato, clamamos pelo consenso razoável de que ainda não estamos em momento de retorno às aulas presenciais, com base, principalmente, nos argumentos expostos a seguir:
1- Nós, que privilegiamos o valor da Educação, temos um compromisso com a assertiva de que somente a ciência é capaz de encontrar solução para a crise gerada por esta pandemia. Entendemos que o mais importante, neste momento, coerentes com o discurso de valorização da educação, é contribuir para que toda a comunidade escolar esteja ciente da real dimensão da crise da saúde e que somente através desta conscientização é que se pode encontrar solução para o impasse que ora nos é imposto pelas circunstâncias;
2- Segundo diversos estudos científicos, a pandemia ainda está em estágio elevado no Brasil e o Estado do Rio de Janeiro representa um dos focos mais importantes de disseminação da Covid-19. Por isso, adotar medidas baseadas em estudos e análises divulgados por entidades científicas de respeitabilidade social, como Universidades e Centros de Pesquisa, reconhecidos internacionalmente, é o único passo aceitável;
3- A retomada das atividades das Escolas Particulares, neste momento, além de ser um risco para alunos, familiares e profissionais da Educação, também amplia as desigualdades entre estudantes das redes pública e privada de ensino. Ademais, é inadmissível a diferença de tratamento entre alunos da escola pública e dos estabelecimentos particulares. Medidas de acesso à aprendizagem têm de objetivar sempre a prevalência da Educação como um todo único de qualidade e oportunidade para todos;
4- Entendemos que, sobretudo na educação, as decisões precisam ser tomadas pensando-se no bem coletivo e levando-se em conta a opinião pública. A maioria da sociedade brasileira, segundo várias pesquisas de opinião, não concorda com o retorno às aulas presenciais, no atual momento;
5- Pesquisa feita pelo Ibope, veiculada pelo jornal O Globo de 07/09/2020, revela que 54% dos entrevistados concordam totalmente com a afirmação de que o retorno dos alunos à sala de aula deverá ocorrer somente quando houver vacina. Registre-se que neste mesmo levantamento, 74% dos entrevistados na capital do Rio de Janeiro concordam com essa afirmativa;
6- Estudo estatístico realizado por uma fundação da área de saúde dos EUA (KFF) concluiu que 13 países da Europa e da Ásia só fizeram o retorno às aulas a partir da média de sete dias abaixo de 36 casos por milhão de habitantes. Enquanto isso, no Brasil, em 06/09, ainda é registrada relação de 186 casos por milhão de habitantes;
7- Somos adeptos, logicamente, de que seja realizado planejamento para a reorganização das atividades pedagógicas para quando houver efetivas condições e embasamento científico que sustente a retomada das aulas presenciais. Porém, temos a convicção de que isso somente possa ser feito com base nas determinações da ciência e na perspectiva da preservação da saúde e da vida dos(as) alunos(as), dos(as) professores(as) e de todos(as) os(as) trabalhadores(as) da educação e da comunidade escolar.
Não temos segurança agora para o retorno presencial das aulas!
Ainda não é hora de voltar à escola!
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