Sinpro/RS: Calor e chuvas: eventos climáticos extremos serão cada vez mais frequentes
Além de identificar 2023 o ano mais quente do século, cientistas alertam para o agravamento das evidências do aquecimento global: “planeta atingiu ponto de ebulição”
Um dos maiores emissores dos gases de efeito estufa, o Brasil vem perdendo a oportunidade de assumir o protagonismo no enfrentamento do aquecimento global a partir das metas do Acordo de Paris – reduzir as emissões em até 50% até 2030 e zerar as emissões líquidas até meados deste século.
O alerta é do cientista Carlos Nobre, pesquisador colaborador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, copresidente do Painel Científico para a Amazônia, autor da mais rigorosa avaliação científica já elaborada para a região – e que aponta um acréscimo de ao menos 1,3% grau na temperatura média do planeta neste século.
“O Brasil é o quinto maior emissor do mundo, mas tem todas as condições de virar esse jogo e ser o primeiro país do mundo a zerar os gases de efeito estufa, já que 75% das suas emissões são oriundas do desmatamento e da agricultura e 18% da queima de combustíveis fósseis”, apontou Nobre na manhã de sábado, ao final do Sinpro/RS Debate, que abordou o tema Eventos Climáticos Extremos: frequência e variabilidade no Brasil e no mundo.
Promovido pelo Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS) e realizado de forma híbrida, o debate contou com a participação presencial do professor e pesquisador do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Ufrgs, Francisco Aquino.
Nobre, que estava no Rio de Janeiro, fez o painel de abertura por teleconferência.
A quase totalidade dos gases de efeito estufa gerada no país vem do desmatamento ilegal e da agricultura. São quase 3 milhões de quilômetros quadrados ocupados pelo agronegócio. Ele aponta que um terço dessa área seria suficiente para implantar um megaprojeto de agricultura e pecuária regenerativas para recuperar os biomas.
“Esse é o caminho para remover CO2 da atmosfera”, assegura.
“Podemos nos tornar o primeiro país de grandes emissões a zerar essas emissões, muito antes de China, Índia, Estados Unidos e países europeus, com o maior projeto de restauração florestal já bancado por um único país”, desafiou ele.