Sinproep-DF promove ato em defesa da autonomia e da democracia e mobiliza comunidade acadêmica da UCB
Na noite de terça-feira, 27 de maio, o auditório central da UCB foi tomado por centenas de estudantes e professores, que se reuniram para se manifestar contra a posição da mantenedora Ubec de implantar a reestruturação baseada no conceito de “governança privada”, que, além de transformar a instituição numa empresa que transforma a educação em mercadoria, fere a autonomia e a democracia da universidade.
A mesa do encontro foi formada pelo presidente do Sinproep-DF e diretor da Plena da Contee, Rodrigo de Paula, pelos representantes do DCE – a coordenadora geral, Giullia Bedê, e o coordenador de Comunicação, Argus Tenório, estudantes do Curso de Psicologia; pelos representando os docentes – o filósofo professor Luiz Delgado, a professora Lêda Gonçalves, do Curso de Pedagogia e a professora Flávia Timm, do Curso de Psicologia; representando o Conselho Federal da OAB, Aldemário de Araujo, também professor de Direito da UCB, e a professora Cristina Castro, representando a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee).
O presidente Rodrigo de Paula abriu o evento e na sua fala saudou os estudantes “pela visão política e pela coragem com que se colocaram à frente da luta quando perceberam que a Universidade Católica, uma instituição de tradicional e respeitada na área da educação, estava sendo conduzida para um processo de imposição de diretrizes didático-pedagógicas e científicas, descumprindo a Constituição Federal, a LDB e os princípios da catolicidade da Igreja”. Rodrigo afirmou “que o Sindicato, a partir da movimentação dos estudantes, procurou mobilizar o corpo docente da UCB, fez gestões junto mantenedora Ubec e à reitoria e, por intermédio do seu corpo jurídico, judicializou o processo junto ao Ministério Público do Trabalho”. Rodrigo disse ainda “que o Sindicato envidará todos os esforços para defender os direitos dos docentes e dos estudantes nas mais diversas esferas de atuação. No campo jurídico, na esfera administrativa e no campo político.”
O professor Delgado disse, na sua fala, que a política de financeirização do ensino da UCB é um movimento que vem ocorrendo em toda a América Latina e na Europa. “Essa situação só será mudada com a luta e a participação efetiva dos estudantes, porque será através deles que nós, professores, que temos receio de correr riscos, assumiremos o nosso papel”, afirmou.
Os representantes do DCE, Giullia e Argus, nas suas falas, exortaram os estudantes a não se desmobilizarem. Para eles, a luta está no começo. “Ainda não temos a certeza de que a reestruturação pretendida esteja afastada. A nossa luta está apenas começando. Temos que continuar firmes”, concluíram.
As professoras Lêda Gonçalves e Flávia Timm disseram da satisfação de fazer parte dessa história da UCB. Para elas, somente com a força dos estudantes, que sempre foram os impulsionadores de mudanças políticas no país em todos os momentos de crise, será possível barrar esse projeto que desfigura os princípios da UCB na sua condição de instituição de ensino de excelência no Distrito Federal. “Sabemos dos riscos, mas não podemos recuar.”
O representante do Conselho Federal da OAB e professor de direito da UCB, Aldemário de Araújo, fez uma análise da situação de crise da Universidade a partir da ótica do direito, dizendo que estamos lutando pelo que nos concede a Constituição Federal Brasileira, que estabelece que “as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, obedecendo ao princípio da indissociabilidade entre ensino pesquisa e extensão”. “Nesse caminho corremos riscos e teremos que enfrentá-los” finalizou Aldemário.
A última oradora da noite, a professora Cristina Castro, representando a Contee, disse da sua satisfação de estar participando do ato. Segundo Cristina, a entidade que ela representa vem travando, há anos, a luta contra a mercantilização do ensino no Brasil. “Quando pedimos ao governo que crie instrumentos de regulação do setor privado de ensino, as vozes dos grupos se levantam e citam a Constituição que, segundo eles, lhes confere autonomia”. “Quando se trata de uma instituição específica do estado ou da sociedade civil, entretanto, a autonomia não confere uma liberdade absoluta. Mas esse ponto não interessa a eles”, concluiu Cristina.
O senador professor Cristovam Buarque, por motivos de compromissos de votação no Senado, não pôde comparecer e enviou uma mensagem de apoio ao movimento dos estudantes e docentes e pela autonomia e democracia na Universidade Católica.
Novas manifestações estão programadas pelo DCE da UCB e pelo Sinproep-DF. Nesta quinta-feira (29), foi promovido um abraço simbólico à Biblioteca Central”. Cerca de 600 pessoas, entre estudantes e professores, portando balões azuis, participaram do ato e conseguiram envolver o prédio da Biblioteca Central gritando palavras de ordem em favor de uma universidade democrática, autônoma e onde a gestão seja participativa, com respeito à Constituição Federal Brasileira e à Lei de Diretrizes e Base da Educação.
Por Trajano Jardim, diretor de Imprensa e Comunicação do Sinproep-DF