SinproSP vive semana de eleição e dissídio
Duas chapas estão em disputa, sendo que a Chapa 1 é formada pelo grupo que organizou grandes greves de 2018 e enfrentou patronato este ano. Logística necessária para a votação equivale à eleição em um pequeno município
O SinproSP, uma das entidades fundadoras da Contee e representante dos professores do setor privado, da educação infantil ao ensino superior, da maior cidade do Brasil, vive uma semana intensa e crucial. Ontem (24), teve início o processo eleitoral do sindicato, que segue até amanhã (26), com duas chapas em disputa. Também amanhã, porém, acontece o julgamento do dissídio do ensino superior, em que o SinproSP atua, em unidade com a Fepesp e os demais sindicatos do estado de São Paulo, contra a intransigência patronal orquestrada pelas grandes corporações e na defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras em educação.
Por fim, tudo isso ocorre em meio à reta final das eleições para o governo do estado e para a Presidência da República, nas quais o que está em jogo não são, simplesmente, candidaturas distintas (Haddad x Tarcísio ou Lula x Bolsonaro), mas projetos antagônicos de educação, de trabalho, de civilização (contra a barbárie), de Brasil. E essa perspectiva precisa ser observada e levada em conta em todas as esferas da vida dos professores, inclusive nas eleições sindicais.
Pequeno município
A eleição do SinproSP é tão importante que, segundo Celso Napolitano, atual presidente da Fepesp e concorrente, na Chapa 1, como candidato a presidente do sindicato, “a logística necessária para a votação para a renovação da diretoria equivale à eleição em um pequeno município”.
“São 20 mil as professoras e professores aptos para votar, e estão espalhados por uma área enorme, que é a capital de São Paulo. Teremos uma urna na sede do sindicato, mas a grande maioria dos votos virá das urnas itinerantes. São 134 as urnas itinerantes, cada uma delas acompanhada de dois mesários e um motorista.”
Experiência de lutas
Napolitano destaca que a chapa 1, da qual faz parte, “representa um grupo renovado de docentes que carrega a experiência de lutas do Sinpro”.
“É um grupo que organizou as grandes greves de 2018, quando paramos as ruas da cidade e dobramos um patronal que desejava eliminar direitos na educação básica, cortando boa parte da convenção coletiva”, ressalta.
“É também o grupo de dirigentes que, neste ano, enfrentou as grandes corporações mercantis que hoje dominam o ensino superior e que se mostraram intransigentes, insistindo em não recompor a defasagem inflacionária. A categoria foi mobilizada e deliberou por um movimento grevista. Os mantenedores foram levados ao tribunal que culminará com o julgamento do dissídio coletivo na quarta-feira, dia 26, dia do encerramento da nossa votação.”
Tradição democrática
Para Celso Napolitano, “a participação de duas chapas nesta eleição demonstra a tradição democrática do Sinpro SP”.
“Ocorreram alguns problemas legais no registro da outra chapa, mas que foram superados por concessão da nossa chapa, como demonstração do nosso apreço à democracia”, aponta. “Acreditamos que é assim que se faz um sindicato forte, e confiamos que a categoria irá reconhecer o trabalho da atual diretoria e saberá escolher o caminho da experiência e de luta que representamos.”
Táscia Souza, com a colaboração de Ricardo Paoletti