Só há o caminho do voto na chapa Lula-Alckmin!
“Ninguém votará em Bolsonaro, ao dia 2 de outubro, por engano e/ou por falaciosa oposição ao PT e a Lula. Quem nele votar, conscientemente, fará opção por tudo de nefasto que ele representa”
Por José Geraldo de Santana Oliveira*
No livro “O destino viaja de ônibus”, de 1947, o consagrado romancista norte-americano John Steinbeck narra as peripécias que envolvem o díspar grupo de passageiros do ônibus que parte da “Encruzilhada dos Rebeldes”, San Isidro, para San Juan, ambos no estado da Califórnia (EUA).
No Brasil de 2022, o destino da nação viaja pelas urnas eletrônicas que, no dia 2 de outubro próximo vindouro, domingo, estarão abertas, das 8 às 17 horas, para que 156,4 milhões de eleitores/as decidam que Brasil querem pelos próximos quatro anos, de forma direta, e pelas dezenas de outros que se sucederão como corolário dessa escolha.
A urna na qual viaja o destino do Brasil, muito embora não parta da encruzilhada dos rebeldes, como o fez o ônibus da obra de John Steinbeck, acha-se em uma encruzilhada que aponta para dois destinos diametralmente opostos: esperança e trevas.
Portanto, tal como na atemporal peça de Gil Vicente (1517), “Auto da Barca do Inferno”, há duas barcas: uma que leva ao inferno, capitaneada por Bolsonaro e o bolsonarismo; a outra, diferentemente daquela que compõe essa magnífica peça teatral, não é conduzida por um anjo nem leva ao céu, mas capitaneada pela chapa Lula-Alckmin e ocupada por todos/as quantos/as cultuam a ordem democrática e, por conseguinte, a esperança, a paz, a liberdade de expressão e ação, a diversidade e a pluralidade de concepções políticas que habitam o campo do Estado Democrático de Direito, tudo que Bolsonaro e o bolsonarismo renegam.
A barca que procura luz em meio ao mar de trevas que grassa o Brasil desde 1º de janeiro 2019 é guiada por seres humanos, felizmente, imperfeitos, com acertos e erros, e tão somente conduz a nação para o caminho em que se descortina o horizonte límpido, rumo à árdua construção de nova realidade social, com o esforço de todos/as que nela viajam.
São condutores e passageiros dessa barca todos/as aqueles/as que, ao reverso do valente personagem da belíssima música de Geraldo Vandré e Theo de Barros, “Disparada”, não aprenderam a ver a morte sem chorar; especialmente a morte física e a morte da dignidade, frutos do descaso, do desprezo, do ódio, da intolerância, da negação da ciência, da fome que já consome impiedosamente 33 milhões de brasileiros/as, da insegurança alimentar que ronda os lares de 125 milhões de outros/as brasileiros/as, da miséria, do desemprego e do subemprego e da redução e supressão de direitos.
Essa barca, à altura do que exige o contexto histórico, consegue reunir todas as correntes políticas, autoridades e personagens que compõem o multifacetado campo democrático, fazendo cerrar fileira em prol da mesma bandeira, a da democracia, históricos adversários políticos, mas que têm um objetivo comum, neste momento prioritário, que é o de repor o Brasil nos trilhos da reconstrução democrática.
Vale ressaltar que a barca do inferno, capitaneada pelo próprio satanás, na citada peça de Gil Vicente, somente abrigava os maus. No Brasil, essa barca, que tem como timoneiro Bolsonaro, conduz, além dos que o acompanham voluntariamente por comungar de todos seus nefastos projetos e ver nele a encarnação do que sempre almejaram, se for vitoriosa, como o foi em 2018, arrastará, involuntária e impiedosamente a todos/as para as trevas infinitas.
Se, em 2018, era possível votar em Bolsonaro sem saber o que ele representava e pretendia, o que é de duvidosa validade, em 2022 isso não é mais possível. Hoje, votar em Bolsonaro é dizer enfático sim ao fascismo e às trevas que o conduzem e contundente não à democracia e ao futuro do Brasil.
Ninguém votará em Bolsonaro, ao dia 2 de outubro, por engano e/ou por falaciosa oposição ao PT e a Lula. Quem nele votar, conscientemente, fará opção por tudo de nefasto que ele representa.
Por tudo isso, é hora de a nação fazer valer o brado lançado pelo imortal estadista presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães, ao declarar promulgada Constituição Federal, aos 5 de outubro de 1988, qual seja: “Muda, Brasil!”.
Esse brado não morreu nem correu embalde (em vão, inutilmente). Por isso, neste momento crucial reergue-se, com todo seu vigor, para dizer: a hora é agora. Se esta hora não for colhida agora, não se sabe se e quando haverá outra.
O momento determina que, para que se colha essa hora ímpar, só há o caminho do voto na chapa Lula-Alckmin.
*José Geraldo de Santana Oliveira é consultor jurídico da Contee