Sobe o percentual de crianças que frequentam creches e escolas, mostra pesquisa
Os dados analisados estão na Síntese de Indicadores Sociais 2024 do IBGE, que analisa as condições de vida dos brasileiros
Resultados de estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no início do mês, apontam o crescimento no número de crianças que frequentam creches e escolas no último ano.
Em 2022, cerca de 36% das crianças de 0 a 3 anos frequentavam creches. Em 2023, o número saltou para 38,7%. Já entre as crianças de 4 e 5 anos, fase em que já é obrigatório estar matriculado na escola, o número saltou de 91,5% para 92,9%.
Para a secretária de Assuntos Educacionais da CNTE, Guelda Andrade, o avanço é reflexo da retomada de um projeto de nação que se preocupa com a garantia de políticas públicas e de uma educação pública gratuita e de qualidade socialmente referenciada.
“Esse projeto de nação tem um propósito de educação muito bem definido e delineado. Um projeto de educação que garante direito a toda a população brasileira, sobretudo, os direitos à infância e à educação pública”, avalia.
Segundo ela, a garantia de vagas em creches e escolas na infância é um fator de impacto não somente na garantia do acesso ao conhecimento de crianças, mas também para famílias de baixa renda, principalmente mães que precisam trabalhar e deixar os filhos em um lugar seguro durante esse período.
“O acesso à educação pública é um direito das crianças e deve ser assistido nessa faixa etária. É algo fundamental, e, como consequência disso, há a garantia de que a mãe possa trabalhar e saber que sua criança está sendo assistida e bem cuidada em uma escola pública, com profissionais que possuem formação para estar ali acompanhando o desenvolvimento dessa criança”, afirmou a dirigente.
As informações estão reunidas na Síntese de Indicadores Sociais 2024 do IBGE, que analisa as condições de vida dos brasileiros. Nessa pesquisa, diversos temas pertinentes à sociedade são analisados, tais como renda, mercado de trabalho, educação, saúde e condições de vida.
O estudo ainda mostra que, das crianças que frequentam creches, 19,5% estão na rede privada. A realidade, no entanto, muda de estado para estado. No Rio de Janeiro e no Distrito Federal, por exemplo, 38,3% das crianças estão matriculadas em creches da rede privada. No Tocantins e no Acre, o número é de apenas 7,4%.
Apesar da melhora, o percentual para crianças de 0 a 3 anos ainda está longe de alcançar a meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE), de 50% das crianças dessa faixa etária frequentando creches ou escolas.
Para que o objetivo seja alcançado até o fim do atual PNE, em dezembro de 2025, será necessário um salto de 11,3 pontos percentuais à frente dos 38,7% registrados em 2023.
“Com certeza a meta não será atingida pelo curto espaço de tempo, mas é importante que ela seja reeditada no novo Plano, que tenhamos tudo bem estruturado e com as fontes de financiamento sólidas para que a gente consiga avançar nessa meta e cumpri-la no próximo decênio. Além disso, é necessário que os governos tenham vontade política de executar todas as estratégias para que a gente atinja os objetivos”, destaca Guelda.
“Sem financiamento para a educação, é impossível avançar no cumprimento da integralidade das metas”, completa.
Diferenças por regiões
A pesquisa também mostra que há uma desigualdade expressiva entre as regiões. O sul e o sudeste foram os que apresentaram maiores percentuais de frequência escolar entre 0 e 3 anos, com 45,6% e 45,5% respectivamente. No norte, apenas 20,9% das crianças nessa faixa etária estão matriculadas nas instituições de ensino.
Entre as crianças de 4 e 5 anos, o estudo mostra uma recuperação na frequência escolar, anteriormente afetada pela pandemia de Covid-19. Em 2019, antes de a crise pela doença ser decretada, 92,7% das crianças frequentavam a escola. Em 2022, o número caiu para 91,5%. Em 2023, o índice retornou para 92,9% de frequência. A meta do atual PNE é que 100% das crianças nessa faixa etária estejam matriculadas nas escolas.
No recorte por regiões, o norte foi o que mais apresentou evolução, saindo de 82,8% em 2022 para 86,5% em 2023, porém ainda se encontra abaixo das demais regiões do país. A maior frequência para a faixa etária de 4 e 5 anos foi registrada no sudeste (94,5%) e no Nordeste (94,4%).
Série adequada à idade
Entre crianças de 6 a 14 anos, os índices de frequência se mantiveram em 99,4%. No entanto, dados sobre o acesso à escola na etapa adequada mostram dificuldades em retomar os patamares marcados antes da pandemia. Em
Os dados divulgados pelo IBGE mostram ainda que a frequência escolar se manteve em 99,4% entre as crianças de 6 a 14 anos. A universalização nesta faixa etária já está praticamente alcançada há alguns anos.
No entanto, dados envolvendo o acesso à escola na etapa adequada revelam dificuldades enfrentadas pelo Brasil para retomar patamares alcançados antes da pandemia. Segundo a pesquisa, em 2019, 97,1% das crianças de 6 a 14 anos estavam cursando a série adequada à sua idade. Em 2022, o percentual caiu para 95,2%, seguido de uma nova queda em 2023, chegando a 94,6%.
Fora da escola
A pesquisa ainda buscou saber as razões que levaram as crianças a não frequentarem creches ou escolas em 2023. Segundo informa o estudo, entre 0 a 3 anos, 60,7% não estavam matriculados nas instituições de ensino por opção dos pais. Um salto de 3,6 pontos, comparado aos 57,1% registrados em 2022.
Em 34,7% dos casos, o não acesso às escolas estava ligado a falhas de cobertura, isto é, falta de vagas (8,7%), inexistência de escola, insegurança nas redondezas da instituição, transporte insuficiente, entre outros.
O mesmo acontece com as crianças de 4 e 5 anos que não estão nas escolas. A maioria dos casos (47,4%) é por opção dos pais ou responsáveis. Cerca de 7,6 pontos acima dos números apurados em 2022, de 39,8%.