Trabalhadores/as da Rede Metodista mostram força e unidade em Dia Nacional do Basta!
A unidade dos trabalhadores e trabalhadoras da Rede Metodista, bem como das entidades sindicais que os representam e os defendem, mostrou sua força na noite desta terça-feira (22), no Dia Nacional do Basta em defesa da vida, da dignidade e dos direitos dos professores e técnicos administrativos das instituições de ensino metodistas de todo o país. Durante mais de duas horas de ato público realizado de forma remota, trabalhadores e trabalhadoras de diversos estados e municípios denunciaram o desrespeito a quem têm sido submetidos há anos, com atrasos nos pagamentos de salários, de décimo terceiro e de férias, além de redução unilateral de 50% dos salários de professores e auxiliares de administração escolar e descumprimento de acordos trabalhistas e judiciais.
O ato foi organizado com a participação de doze sindicatos (SinproABC, Sinpro Campinas e Região, Sinpro-JF, Sinpro Minas, Sinpro-PA, Sinpro-Rio, Sinpro/RS, Sinpro Santos e Região, Sinpro Sorocaba, Saae-ABC, Saaemg e Sintaae/RS), quatro federações (Fepesp, Fetraeep, Feteerj e Fitee) e da Contee. Para evidenciar a importância da mobilização, o ato ocorreu no mesmo dia do anúncio, citado durante a live, do fechamento do centenário Colégio Metodista Bennett. “Para mim é uma honra muito grande estar aqui. Acompanho este movimento há muito tempo, tudo o que vem acontecendo com os trabalhadores instituições metodistas. Trabalhadores que, apesar de serem mal tratados, apesar de terem seus direitos desrespeitados, apesar de promessas feitas e não cumpridas por mantenedores que são, diga-se de passagem, religiosos, apesar de acordos não cumpridos, nunca deixaram de executar seu trabalho docente e como funcionários não docentes em todas as metodistas do Brasil”, destacou o presidente da Fepesp, Celso Napolitano, na saudação inicial. “Estou muito honrado com essa incumbência de falar em nome de todos os dirigentes sindicais. Essa mobilização é uma realidade. Parabéns muito efusivos a todos vocês.”
Em seguida, a coordenadora-geral em exercício da Contee, Madalena Guasco Peixoto, fez de sua saudação um manifesto pela vida. “Quero primeiro cumprimentar os combativos e as combativas companheiras, trabalhadores e trabalhadoras, que travaram hoje mais uma batalha pelos seus direitos e contra o total desrespeito das instituições metodistas em todo o país. Para a defesa da vida, que é o tema da minha saudação, inicio me solidarizando com os amigos e as famílias das mais de 138 mil vidas que foram ceifadas não pela pandemia, mas por uma política genocida desse governo antipovo que, através de suas ações de negligência e negacionismo, provocou todas essas mortes”, proclamou.
Entre as medidas coletivas a serem tomadas estão a realização, com o auxílio da Contee, de um estudo jurídico sobre a possibilidade de ação nacional contra os Institutos/colégios metodistas e a solicitação, também pela Confederação, de uma reunião com o Ministério Público Federal. Também foram feitas propostas de exigência de datas fixas de pagamento de salários atrasados e de estabilidade de emprego enquanto não houver comprovação financeira para o pagamento das verbas rescisórias conforme legislação vigente. Além disso, serão feitos estudos e ações jurídicas e políticas que permitam interferência nas determinações do próximo Concílio da Igreja Metodista em 2021, com retomada da autonomia das Instituições Metodistas de Educação. Outras propostas feitas por trabalhadores da rede durante a reunião também serão avaliadas e incorporadas às ações.
Leia abaixo a íntegra do manifesto pela vida apresentado pela coordenadora-geral da Contee, Madalena Guasco Peixoto:
“Quero primeiro cumprimentar os combativos e as combativas companheiras, trabalhadores e trabalhadoras, que travaram hoje mais uma batalha pelos seus direitos e contra o total desrespeito das instituições metodistas em todo o país. Para a defesa da vida, que é o tema da minha saudação, inicio me solidarizando com os amigos e as famílias das mais de 138 mil vidas que foram ceifadas não pela pandemia, mas por uma política genocida desse governo antipovo que, através de suas ações de negligência e negacionismo, provocou todas essas mortes. São quase 900 mortes por dia. Dois aviões de grande porte. E é um dado que é apresentado pela grande mídia e pelo poder econômico como um dado qualquer.
A vida está sendo atacada quando, nessa realidade, se retomam todas as atividades econômicas e se fala em ‘volta segura às aulas presenciais’, agora com a conivência de alguns especialistas que são ganhos pelo poder econômico. Nós, professores e professoras, não podemos negar a ciência. E, na semana passada, mais uma vez fomos atacados por esse presidente. Seu governo odeia os professores, porque odeia a verdade, a ciência e o conhecimento. Nossa luta contra a volta das aulas presenciais é baseada na ciência e no respeito aos profissionais, estudantes e suas famílias. Nossos sindicatos existem para defender a vida de nossa categoria. É falsa a ideia de que a volta às aulas presenciais resolverá o problema da evasão e da inadimplência nas escolas particulares. Esse problema ocorre devido à política econômica desse governo e da negação de medidas de proteção do emprego. O governo vem aumentando as desigualdades, que ficaram mais evidenciadas com a pandemia. Deixou de aplicar R$ 1 bilhão do orçamento na educação básica, que agora será destinado a outros setores.
A vida vem sendo atacada neste momento nos seus vários aspectos em nosso país. A vida é atacada quando se ataca a ciência, a educação crítica, o meio ambiente e a soberania nacional. Quando se destrói propositadamente a Amazônia, o Pantanal e a biodiversidade do Brasil. Quando se atacam os povos indígenas em favor do garimpo ilegal e da agropecuária predatória. Esse ataque ao meio ambiente coloca o mundo em risco, inclusive, de novas pandemias. Coloca em risco a vida das novas gerações.
A vida está em risco quando se prega o ódio e o fascismo e, de forma organizada, se propagam mentiras que levam propositadamente milhares de pessoas ao obscurantismo mais profundo.
A vida se coloca em risco quando um projeto político e econômico de ataque ao trabalho como direito é colocado em prática e se propaga a ideia do trabalho autorregulado e sem nenhuma proteção. Quando os direitos mais elementares são atacados, aumentando a pobreza e a miséria e, ao mesmo tempo, a concentração de renda, num patamar nunca visto. Quando a produção é negligenciada e o ganho no mercado financeiro improdutivo e especulativo passa a determinar a vida econômica de um país.
A vida é colocada em risco quando a fiscalização do trabalho é brutalmente interrompida, ajudando a proliferação do trabalho escravo. A vida está em risco quando 10 milhões de pessoas no Brasil se encontram sem segurança alimentar e não sabem se conseguirão se alimentar no dia seguinte. A vida está em risco porque esse projeto levará ao acirramento da crise mundial, aumentando também a repressão e o ataque à democracia, à inclusão, às diferenças, à educação cidadã e aos movimentos de resistência.
Frente a essa situação de aumento da exclusão, a ideologia dominante se apoia no fundamentalismo, na ideia da meritocracia e do desprezo à verdade. A tecnologia, em geral, é colocada a serviço do aumento da exploração e a tecnologia de informação, contraditoriamente, se coloca a serviço da mentira e do engano.
A vida está em risco quando, diante dos desafios da pandemia, o Brasil mostrou-se um país vulnerável, sem autonomia tecnológica, se rendendo às plataformas internacionais, colocando-se como colônia e, agora, pondo a educação brasileira nas mãos do imperialismo tecnológico e da informação.
A vida está sendo atacada quando a religião é utilizada para aferir volumosos lucros para as corporações nacionais e internacionais e quando é utilizada para propagar o fundamentalismo e servir aos interesses político-eleitorais e econômicos.
A vida está sendo colocada em risco quando se organizam milícias prontas para atacar a liberdade e matar, na periferia, o povo excluído.
A vida está em risco quando se propaga o belicismo.
Nesse ambiente, se divulga a ideia de que não existem saídas. A ideia de que a economia é como a lei da gravidade, regida por leis naturais. A economia é produto da implantação de projetos políticos, econômicos e sociais e está vinculada diretamente aos interesses de classe. Assim, defender a vida é nos colocarmos em luta. É propagar a ideia de que temos saída e travar a luta de ideias, revelando a quem interessa a retirada de direitos e a quem interessa o fundamentalismo e o ataque às verdades científicas; quem se privilegia com a retirada de direitos e com a desregulamentação do trabalho.
Como educadores e educadoras, temos que estar deste lado da história, cumprindo este papel. É isso que este Dia do Basta está fazendo: nos colocando na luta. Nossa combatividade acumulará forças e propiciará mudança de curso. Nossa saída é a luta e o fortalecimento dos nossos instrumentos de luta, que são nossas federações e nossos sindicatos.”
Assista o ato:
Por Táscia Souza