Trabalho por conta própria cresce na crise, mas em piores condições

Quem virou conta própria depois da crise encarou trabalhos menos protegidos, em postos menos qualificados e com remunerações 33% abaixo da recebida pelos que estavam há mais tempo nessa posição na ocupação

Com a crise e o desemprego, aumentou o número de brasileiros buscando alternativa no trabalho por conta própria. Em 2017, aproximadamente 23 milhões de pessoas estavam nessa situação, e desses, 5 milhões (23%) tinham se tornado conta própria há menos de 2 anos, segundo dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os que apostaram nessa alternativa, depois da crise, no entanto, tinham o rendimento cerca de 33% menor do que os que estavam há mais tempo nesse tipo de ocupação, mostra a pesquisa.

Segundo os dados, há diferenças importantes também por cor/raça e sexo entre os trabalhadores que se tornaram conta própria mais recentemente e os demais (Tabela 1). Por exemplo, a mulher não negra que era conta própria há menos de 2 anos recebia, em média, apenas 59% daquela com as mesmas características que estava há mais tempo nesse tipo de ocupação.
Considerando apenas o trabalhador por conta própria com até dois anos, os homens não negros tinham o rendimento médio mais alto (R$ 1.637,00); as mulheres não-negras ganhavam 31% menos que eles; os homens negros, 36%; e as mulheres negras, apenas a metade do recebido por este grupo.

Dieese

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