Uneafro completa 10 anos de luta pelo direito do povo negro à educação
São Paulo – Há uma década, a Uneafro Brasil ajuda a escrever histórias reais de superação na vida de milhares de jovens da periferia. Cerca de 15 mil estudantes já passaram pelo projeto, que tem como objetivo influenciar na comunidade por meio da educação formal e pelo debate sobre a cidade e o papel de cada um na sociedade.
Douglas Belchior, um dos fundadores da Uneafro, diz que ao longo destes 10 anos foi possível colher centenas de histórias bonitas e emocionantes. No último sábado (30), mil jovens participaram da celebração da entidade, na Universidade de São Paulo (USP).
“A missão da Uneafro é retirar o corpo negro da linha de tiro, da fila do desemprego. Foram mais de mil estudantes celebrando este momento e a maioria esmagadora dos estudantes nunca tinha pisado na Universidade de São Paulo”, conta Douglas, em entrevista à TVT.
Ele lembra que Uneafro surgiu como herdeira das lutas de diversas organizações negras, como a Frente Negra Brasileira e o Movimento Negro Unificado (MNU), da década de 1980 e 1990. “Nós somos a continuidade dessa luta, fomos, com essa rede de organizações, a base social que reivindicou nas ruas a política de cotas nas universidades, que mais teve efeitos positivos para a vida do povo negro no Brasil”, afirma.
Apesar do momento de celebração, Belchior alerta para os desafios para o futuro. Segundo ele, os avanços conquistados nos últimos 15 anos estão ameaçados pelo governo de Jair Bolsonaro com políticas de redução de direitos como a reforma da Previdência e o pacote anticrime.
Na avaliação do educador, cabe ao movimento cumprir seu papel: pressionar para não regredir. “Não é prioridade deste governo oferecer direitos, pois ele trabalha para interesses corporativos e para o mercado financeiro. Semana passada, a Uneafro, junto com outras organizações, promoveu uma ação no Congresso Nacional para que não deixe tramitar uma proposta que pede a revogação da política de cotas”, explica.