XX Consind: ‘A luta continua com unidade e mobilização’
“Começamos este XX Consind consciente de nossa derrota nas eleições presidenciais para o candidato da ultradireita, Jair Bolsonaro, mas com a convicção de que a luta continua, com unidade, mobilização, enfrentamento e construção de nosso futuro. A Contee é um dos principais instrumentos que temos para as batalhas que se avizinham”. Com estas palavras o coordenador-geral, Gilson Reis, abriu os trabalhos do Conselho Sindical na tarde desta quinta- 22 de novembro, em Brasília.
Debate conjuntural
Adilson Gonçalves de Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), deu início ao debate sobre a situação política, social e econômica do país dizendo que “os problemas sindicais não estão desassociados dos desafios da conjuntura internacional e nacional. No final de 2014 tínhamos uma das taxas mais altas de emprego do planeta, mas com o golpe de 2016 começou a restauração da política neoliberal e a destruição da legislação trabalhista”.
Segundo Adilson, “no mundo existe atualmente mais de 200 milhões de desempregados, mas o emprego não acabou. Estamos na mais longeva crise do capitalismo mundial. Um mundo decadente, em crise, sem perspectiva. Grande parte do que os brasileiros construíram em um cem anos está sendo destruído nos últimos cinco! O golpe de 2016 foi institucionalizado pelo voto em Bolsonaro. O movimento sindical terá qiue se reconstruir com novas bases para dar as respostas necessárias aos desafios que se apresentam. Sigamos com a luta, porque a esperança é revolucionária!”
Após a fala de Adilson, o secretário de Comunicação da CUT, Roni Anderson Barbosa, começou sua análise do momento atual ainda pela semana que antecedeu o primeiro turno das eleições e o crescimento surpreendente de Bolsonaro nos últimos sete dias, mesmo após o movimento #EleNão. O dirigente da CUT destacou o investimento da campanha do PSL em tecnologia da informação, sobretudo no WhatsApp — e isso desde 2014 —, uma rede em que não há possibilidade de rastreamento nem de retirar do ar as fake news. “Perdemos a guerra nas redes nesta campanha. O trabalho na rua foi bonito e cresceu muito na reta final, mas talvez tenha chegado tarde.”
As fake news, aliás, segundo Roni Barbosa, continuam e continuarão fortes, assim como os ataques aos direitos dos trabalhadores, “muito maiores que os ataques que Temer está fazendo”. O cutista citou o processo de preparação para privatização das empresas estatais e demissão em massa dos funcionários, sem justificativa, e a adoção da carteira de trabalho verde-amarela, que significa, conforme Barbosa, a exclusão completa dos sindicatos da relação capital-trabalho. “Provavelmente ela virá atrelada ao novo modelo previdenciário que querem implementar”, observou. A resposta a isso, como destacado por ele, é a unidade das centrais sindicais na luta pelos direitos trabalhistas, previdenciários, sindicais, bem como pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “É preciso convencer os trabalhadores de que, com Lula preso, não é possível ter estabilidade.”
Às intervenções dos dirigentes da CTB e CUT seguiu-se o debate, com a palavra aberta aos inscritos da plenária, sobre os desafios das entidades sindicais, tendo como foco o tema do XX Consind: unidade, organização e resistência. A avaliação da conjuntura segue nesta sexta-feira (23).
Fotos: Alan Francisco de Carvalho/CONTEE e Leandro Freire/TREEMIDIA
Por Carlos Pompe e Táscia Souza