11 de agosto: A importância da luta estudantil
Por Margot Andras*
Falar sobre o 11 de agosto e as comemorações que irão acontecer em toda extensão do território brasileiro é não esquecer que o acesso à educação é um direito assegurado pelo Artigo 26 da Declaração dos Direitos Humanos e pelo Artigo 205 da Constituição Brasileira de 1988, que diz:
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
Considerando que 2021 traz as sequelas do ano passado, quando fomos pegos por rotinas inusitadas trazidas pela pandemia do novo coronavírus, nos desafiamos a inovar. Apropriamos-nos de novas ferramentas, construímos e desenvolvemos metodologias, envolvemo-nos exageradamente, estressadamente, cheios de cobranças, e, assim mesmo, mantendo a calma e fazendo o possível para acompanhar e construir o conhecimento.
Os processos educacionais, no entanto, foram muito difíceis. Falar destes últimos 18 meses é considerar o traço fundamental da história brasileira: a desigualdade social, econômica e educacional.
Em meio à pandemia, os estudantes, que historicamente pautam importantes lutas no Brasil, resistem com ações de solidariedade nas comunidades e na tentativa de reverter o abismos entre os diferentes sistemas educacionais, bem como na produção científica e na democratização dos acessos e espaços nas instituições de ensino.
Em 2021, o 11 de agosto desafia a todos, todas e todes a fazer sua formação e permanecer engajados em luta, ao lado das comunidades, construindo uma sociedade democrática, que valorize o senso de igualdade, justiça, dignidade e solidariedade.
Neste momento, ser estudante é muito mais que cumprir uma rotina escolar. É se tornar uma pessoa completa, exercitar sua cidadania, aprender a conhecer o mundo e as pessoas, contribuir para se compreender e modificar a realidade. É não aceitar o fracasso devido à desigualdade social, à injustiça ou à exclusão.
É manter os pés no chão, olhando para os acontecimentos políticos atuais que se configuram numa outra pandemia, de retrocessos e incertezas. É não esquecer que seguimos numa conjuntura política instável, em um clima de aumento das tensões sociais, desemprego e/ou enfraquecimento das relações de trabalho.
As saídas e soluções não estão prontas e, por isso, é urgente que furemos nossas bolhas e estabeleçamos uma unidade com as diferentes lutas políticas, com a democratização do conhecimento e com a inclusão social.
Faz parte da nossa história os estudantes serem protagonistas em diversos processos de transformação social, voltando-se às comunidades e periferias para auxiliar na defesa da vida e na discussão desse novo projeto de sociedade a construir.
Devido à pandemia da Covid-19, o tradicional ato do Dia dos Estudantes pelas ruas foi substituído por ações virtuais nas redes sociais promovidas pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), com convidados dos movimentos sociais, das universidades e das escolas, além de parlamentares, lideranças políticas, artistas e formadoras e formadores de opinião envolvidos com a luta pela democracia e contra a ascensão autoritária no Brasil.
Então, nesta quarta-feira de comemoração do Dia dos Estudantes, chamamos todos os estudantes, de todos níveis de ensino, que mesmo pressionados pela jornada estendida, pela invasão de suas vidas privadas, pelo acompanhamento de seus familiares e amigos doentes, pela espera da vacina, mantêm o brilho do olhar de quem, com alegria e reflexão, desafia-se a construir o conhecimento e uma sociedade mais justa e igualitária.
*Margot Andras é coordenadora da Secretaria de Defesa das Diversidades, Direitos Humanos, Respeito às Etnias e Combate ao Racismo da Contee