37% dos trabalhadores recebem até 1 salário mínimo, aponta pesquisa

Cresce parcela que recebe renda menor. Um recorde de 35,6 milhões de pessoas no segundo trimestre deste ano

O número de pessoas que recebem até um salário-mínimo (R$ 1.212) por mês cresceu e já representa quase 37% dos trabalhadores brasileiros. Os dados são de um levantamento realizado pelo economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, a partir de micro dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad Contínua) do IBGE e refletem a situação do mercado de trabalho brasileiro no terceiro trimestre de 2022.

Em números absolutos, 35,6 milhões de trabalhadores, formais e informais, têm renda de até um salário mínimo, que permaneceu nos quatro anos de governo Bolsonaro sem reajuste real, ou seja, sem aumento acima da inflação. Trata-se do maior número desde o início da pesquisa, em 2012 e também 28% maior do que os números registrados em igual período de 2019, quando eram 27,6 milhões ou 29,9% dos ocupados no país, segundo a pesquisa divulgada pela Folha de S. Paulo.

Enquanto isso, a inflação disparou, sobretudo dos alimentos, registrando por longo período um aumento acumulado de mais de 10%.

O economista relaciona o aumento de trabalhadores com renda baixa ao aumento da informalidade, que se tornou uma das marcas do governo Bolsonaro. A Pnad, pesquisa oficial de medição da ocupação, abrange desde o trabalho com carteira assinada até os ocupados que fazem trabalhos esporádicos para sobreviver, os chamados “bicos”.

Os informais não têm renda fixa nem reajustes assegurados pela inflação, mas a maior parte tem como “baliza” o piso mínimo, diz Imaiazumi.

“Não dá para comemorar tanto a situação do mercado de trabalho. Em termos de aumento da ocupação, ok. Mas o fato é que o trabalho ficou mais barato”, analisa o economista.

Enquanto o número de trabalhadores com renda de até um salário mínimo aumentou, o de profissionais com rendimentos maiores caiu, indica o levantamento.

No segundo trimestre deste ano, o contingente que recebia entre um e dois salários mínimos foi estimado em 31,2 milhões, o equivalente a 32,1% da população ocupada com trabalho formal ou informal. Em igual intervalo de 2019, estava em 32,3 milhões, 1,1 milhão a mais, o que representava 34,9% da população ocupada à época.

Já o grupo que recebia mais de dois salários mínimos ficou em quase 30,4 milhões no segundo trimestre deste ano, cerca de 2,2 milhões abaixo dos 32,5 milhões de 2019.

Hora do Povo

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