Senador ligado ao agro apoia Lula: ‘De que serve tanta fartura, se o povo passa fome?’
Além de Carlos Fávaro (PSD-MT), Kátia Abreu (PP-TO), ligada ao setor, declarou apoio ao petista
O candidato da coligação Brasil da Esperança à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reuniu hoje uma “frente ampla” de senadores e governadores de 10 partidos em seu apoio no segundo turno das eleições. Estavam presentes nesse ato, em São Paulo, sete atuais governadores e três governadores eleitos. Do mesmo modo, 16 atuais senadores e outros três eleitos no último domingo também manifestaram apoio ao ex-presidente. Durante a reunião, lideranças ligadas ao agronegócio se comprometeram a “esclarecer” a importância das gestões de Lula para o setor.
O senador Carlos Fávaro (PSD-MT), destacou que seu estado é recordista na produção de alimentos mas que, “por incrível que pareça, 600 mil pessoas passam fome no Mato Grosso. De que serve tanta fartura, se o povo brasileiro passa fome“, questionou em sua participação. Nesse sentido, ele afirmou que Lula representa a “esperança” para resolver o problema de insegurança alimentar que assola a população mais vulnerável. Também destacou a disposição de Lula para priorizar a preservação do meio ambiente e de restabelecer a normalidade da democracia do país.
Por outro lado, Fávaro rebateu aqueles que apontam o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) como “grande líder” do agronegócio brasileiro. Citou que, nos governos Lula e Dilma, houve uma “revolução” na infraestrutura e na tecnologia aplicada ao setor. Listou o aumento da produção agrícola, do etanol e as pesquisas que levaram à criação do biodiesel. “Isso tudo gerou empregos, lucratividade, gerou dividendos. Ninguém conseguiu contestar. Não achei um só agricultor que conseguisse contrapor tudo o que o Lula fez para o agronegócio”, disse Fávaro. “No segundo turno, vamos trabalhar junto ao setor para esclarecer que o grande salto do agronegócio ocorreu a partir de 2003.”
Fator Simone
Por sua vez, a senadora Kátia Abreu (PP-TO), também expoente do agronegócio, disse que o principal plano econômico, nesse momento, com a eleição de Lula, é a “democracia”. “Como mulher, como senadora da República, mas principalmente como avó, eu não suporto mais ver o meu Brasil armando as pessoas, que se matam nas ruas, nos restaurantes, nos bares, no trânsito. Os nossos jovens chorando pelo ProUni”. Além disso, ela afirmou que é preciso distinguir pessoas “corajosas” das “toscas”, citando imitações “toscas e ridículas” que Bolsonaro fez das vítimas da pandemia.
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB-PA), reeleito, e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), saudaram o gesto da ex-candidata Simone Tebet (MDB-MT), que anunciou hoje apoio a Lula no segundo turno. “É muito importante a escalação da Simone, que cumpriu um papel fundamental no primeiro turno da eleição. Ela, em nome do MDB, vai nos liderar, nos orientar e colaborar do ponto de vista programático com algumas ideias que o MDB gostaria de fazer”, disse Renan. O governador disse que a ex-candidata representa “de maneira honrosa” a história do partido.
Renan ainda elogiou a ação da campanha de Lula que dias antes do primeiro turno reuniu ex-candidatos à Presidência. “Esse ato precisa ser repetido no segundo turno. É muito importante nós fazermos isso com religiosos, com evangélicos, com católicos, com representantes da economia, de modo a fazer um movimento em que possamos ampliar o espectro da candidatura.”
Fator abstenção
A atual governadora do Piauí, Regina Sousa (PT), afirmou que os votos que faltaram à vitória de Lula no primeiro turno “estão na abstenção, nos votos do Ciro – que também já declarou apoio ao ex-presidente – e da Simone”. Ela avalia que a coligação de Lula não vai tirar votos de Bolsonaro. “Agora, é ir atrás dos nossos votos que ficaram na abstenção”, disse.
Do mesmo modo, o senador Jaques Wagner (PT-BA) também afirmou que o combate à abstenção “é uma tarefa”. Ele solicitou a todos que elaborem iniciativas para reduzir a ausência dos eleitores nas urnas. Nesse sentido, sugeriu inclusive a tarifa zero no transporte público no próximo dia 30, garantindo o direito do eleitor mais pobre de participar das decisões políticas.
O senador eleito Wellington Dias (PT-PI), um dos coordenadores da campanha de Lula, disse enxergar “boas perspectivas” para a campanha a partir dos novos apoios recebidos nos últimos dias. Além disso, defendeu novas frentes de diálogo com setores refratários ao petista, como parte dos evangélicos.
Apoios tucanos
Candidato a vice de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), classificou como “expressiva” a vitória da chapa no primeiro turno. “E vamos ter uma vitória ainda maior no segundo turno, pelo interesse da nossa população.” Assim, ele citou que seis ex-presidentes do seu antigo partido, o PSDB, declararam apoio a Lula no segundo turno – Teotônio Vilela Filho, Pimenta da Veiga, José Serra, José Anibal, Tasso Jereissati e Fernando Henrique Cardoso – também ex-presidente da República.
“Outro sintoma importante”, disse Alckmin, que também é médico anestesista. “Com o presidente Lula, a economia vai se recuperar muito mais depressa. Pela credibilidade, estabilidade e previsibilidade. Vai vir investimento rápido, para recuperar mais rápido a nossa economia”, afirmou.