“Vitória de Lula abre porta para enfrentarmos a crise”, diz Stédile
Para líder do MST, todos os setores populares organizados precisam apresentar propostas concretas sobre o combate à fome, o enfrentamento ao desemprego, o tema da moradia e a necessidade de investimentos pesados em educação e saúde
A sociedade brasileira vive a pior crise da história, que emergiu com uma crise do modo de produção capitalista. E a burguesia brasileira “sequestrou o Estado brasileiro para se proteger da crise que é do sistema dessa”, sintetizou o economista João Pedro Stédile, líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em entrevista, nesta segunda-feira (14), ao Contee Conta.
O bate-papo da vez, comandado pelo coordenador-geral da Contee, Gilson Reis, e pelo jornalista Marcos Verlaine, teve como tema “As perspectivas para o Brasil com a eleição de Lula”.
“Nos últimos seis anos, deram quatro golpes: derrubaram Dilma; instalaram e protegeram Temer [cuja função era promover a Reforma Trabalhista e implantar o teto de gastos]; prenderam Lula; e foi a burguesia que instalou no governo esse fascista psicopata chamado Jair Messias Bolsonaro”, denunciou Stédile.
“A burguesia deu quatro golpes para se proteger”. E o Brasil, segundo ele, só se aprofundou numa crise — econômica, social, ambiental e política — maior ainda.
Porta aberta
Para o líder do MST, porém, a vitória de Lula “abre uma porta para enfrentarmos a crise como um todo”.
“A forma como ganhamos a eleição vai gerar um governo de frente ampla, ainda que ninguém chame assim”, disse. “Não de partidos. Partidos são só símbolos. Mas frente ampla porque Lula vai aglutinar em torno de si todas as forças progressistas que querem mudança neste País”, salientou.
Stédile citou Mao Tsé Tung para lembrar que toda caminhada começa com um primeiro passo. “No caso deles, rumo a Pequim. No caso nosso, rumo à reconstrução de uma sociedade democrática que resolva os problemas principais da população.”
Plano de emergência
Conforme o economista e ativista das causas ambiental e agrária, “o primeiro passo do governo Lula será um plano de emergência”.
Stédile disse esperar que “todos os setores populares organizados apresentem propostas concretas” em relação a: 1) combater a fome (tanto aumentando a “oferta de alimentos” quanto “a renda das pessoas, via Bolsa Família e via salário mínimo”); 2) enfrentar o desemprego; 3) o tema da moradia (“e, com esse, o tema da terra, que diz respeito ao nosso movimento”); e 4) investimentos pesados em educação e saúde.
Assista à íntegra da conversa:
Táscia Souza