O povo de Campinas diz: Golpe e ditadura nunca mais!
Os sindicatos, movimentos sociais, entidades democráticas e populares, estudantes e a juventude de Campinas vêm a público repudiar o golpe militar – apoiado por empresários, latifundiários, partidos de direita, setores conservadores das igrejas, grande imprensa e o imperialismo estadunidense – que há 50 anos derrubou o governo democrático do presidente João Goulart.
Naquele momento, as classes dominantes brasileiras temiam que as mobilizações crescentes dos trabalhadores (do campo e das cidades) e da juventude, em defesa das reformas de base, poderiam ameaçar os seus interesses políticos e econômicos. Assim, o golpe foi uma reação ao avanço e crescimento da participação popular na vida política do país.
O que significou o golpe:
– Arrocho salarial e violações de direitos dos trabalhadores, como o fim da estabilidade no emprego e imposição de uma lei anti-greve.
– Sindicatos e associações profissionais sofreram intervenções e seus líderes mais combativos foram perseguidos e presos. O Comando Geral dos Trabalhadores e as Ligas Camponesas foram sumariamente fechados. As greves proibidas.
– Movimentos sociais criminalizados. A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) foram colocadas na ilegalidade. Entre os estudantes estão o maior número de vítimas fatais da ditadura.
– A censura política cerceou e mutilou a rica cultura nacional. Livros, peças, músicas foram proibidos. Vários artistas e intelectuais tiveram que se exilar.
– Jornais de esquerda foram sumariamente fechados. Mesmo a imprensa conservadora foi alvo de censura e arbitrariedades.
– Eram proibidas manifestações públicas, como comícios e passeatas. Aqueles que ousavam desrespeitar essas proibições eram violentamente reprimidos à bala e golpe de cassetetes.
– As prisões se encheram de oposicionistas. 200 mil foram detidos; 11 mil acusados nos inquéritos das auditorias militares; 5 mil deles condenados. Dez mil brasileiros tiveram que se exilar.
– As torturas aos presos políticos passaram a ser corriqueiras nas prisões e nos quartéis. Mais de 400 militantes foram assassinados e os corpos de 150 deles continuam desaparecidos, sem direito a uma sepultura.
Nosso povo nunca se curvou diante da opressão e da violência impostas pela ditadura. Ele lutou de formas mais diversas e nas condições mais adversas. Lutou com as armas de que dispunha: abaixo-assinados, cédulas eleitorais, panfletos, comícios, passeatas, greves, ocupações, guerrilhas urbanas e rurais.
Em Campinas não foi diferente, também houve prisões, perseguições e torturas. Mas também muita luta e resistência.
Quase 30 anos depois do fim da ditadura, nenhum torturador foi julgado e preso; os empresários e a grande imprensa que conspiraram e apoiaram a ditadura – inclusive financiando os órgãos de repressão durante os anos de chumbo – também não foram responsabilizados por suas atitudes. Isso permite que eles continuem ameaçando a democracia em nosso país.
Por todas essas razões, o povo de Campinas diz ainda mais forte, “ Golpe e Ditadura nunca mais!”, e exige que o Estado brasileiro, responsável pelo que ocorreu, esclareça todos os crimes cometidos pelo regime militar e crie as condições para que os seus autores sejam efetivamente punidos.
ATO DO POVO DE CAMPINAS EM REPÚDIO AOS 50 ANOS DO GOLPE E DA DITADURA MILITAR DE 1964
DIA 31 DE MARÇO DE 2014
HORÁRIO: 17H00
LOCAL: LARGO DO ROSÁRIO.