Perspectivas pós-eleitorais: Conjuntura política brasileira é tema de abertura do XVII Consind

A conjuntura política brasileira, com uma análise das eleições e das perspectivas pós-eleitorais, foi o tema de abertura do XVII Conselho Sindical (Consind) da Contee, realizada na noite desta sexta-feira (31). O debate aconteceu logo após a saudação inicial, feita pela coordenadora-geral da Confederação, Madalena Guasco Peixoto, e da aprovação do Regimento Interno do Consind, cuja votação foi conduzida pelo coordenador da Secretaria-Geral, Cássio Filipe Galvão Bessa, e pela coordenadora da Secretaria de Assuntos Institucionais, Nara Teixeira de Souza. Logo em seguida, por iniciativa das secretarias de Gênero e Etnia e de Comunicação Social, foi dado destaque às campanhas Outubro Rosa e Novembro Azul e à importância da prevenção e do diagnóstico precoce na luta contra o câncer de mama e o de próstata.

A mesa sobre conjuntura política contou com a participação de Jacy Afonso, secretário nacional de Organização e Política Social da CUT, e de Aloísio Sérgio Barroso, diretor de Estudos e Pesquisa da Fundação Maurício Grabois. Em sua fala, Jacy traçou uma comparação entre o ciclo virtuoso inaugurado no Brasil a partir de 2003 e o período neoliberal da década de 1990. Ele ponderou, entretanto, que, neste primeiro mandato, a presidenta Dilma Rousseff não privilegiou o diálogo com os atores sociais, incluindo o movimento sindical, e ressaltou que é preciso abrir as portas para o diálogo com os trabalhadores e trabalhadoras.

O diretor da CUT enfatizou ainda que é essencial criar um sistema de empoderamento das entidades, além de politizar as conquistas. “O governo está atendendo reivindicações históricas por pressão do movimento sindical”, afirmou, propondo a realização de ações que visem o fortalecimento e a valorização do instrumento que é o sindicato, como, por exemplo, uma campanha unificada de sindicalização. “Vamos entrar numa conjuntura agora muito difícil. As manifestações de junho e a postura sem diálogo do governo levou os movimentos sociais a se afastarem”, frisou, acrescentando que não se pode interromper o processo de unificação conquistado no segundo turno das eleições. “O Congresso eleito é o mais conservador desde 1964. O Judiciário já é conservador. Se perdêssemos a eleição para a Presidência, teríamos um triunvirato conservador”, observou. “Isso vai exigir de nós uma capacidade de articulação”, afirmou. “Temos que reconstruir a relação da esquerda brasileira.”

A regulamentação da mídia e da educação privada foram citadas entre as medidas necessárias. Aloísio Sergio Barroso, da Fundação Maurício Grabois, apontou a ingerência da mídia, inclusive internacional, com manifestações de veículos como The Economist e Financial Times. Segundo ele, a análise conjuntural começa pelo problema da intervenção dos organismos financeiros internacionais no processo político brasileiro. Outro ponto apontado por Barroso é o falso discurso de que o Brasil sai “dividido” das eleições. “Trata-se de uma barganha com a presidenta para que seu programa de governo absorva questões conservadoras.”

consind

Em sua reflexão, o diretor da Fundação Maurício Grabois ressaltou o papel do banco dos Brics versus o discurso da direita que se pauta na tríade de acusações falaciosas contra “a corrupção escandalosa, a ineficiência estatal e o descontrole total das contas públicas”. Ele também deu ênfase tanto ao pronunciamento da presidenta após a reeleição, o qual salientou que as urnas mostraram que a sociedade pede mudanças e reformas – a começar pela reforma política -, quanto ao importante fato de ela não ter aceitado a campanha por uma nova “carta aos brasileiros”, atitude que simboliza uma não concessão à direita.

Após as exposições, foi aberto um amplo debate, com intervenções de diversos diretores da Contee e das entidades filiadas. Em geral, foi predominante a posição de que é fundamental que o governo mantenha a relação mais estreita com o movimento sindical e os movimentos sociais – retomado, sobretudo, no segundo turno – bem como é imprescindível que as entidades sindicais se fortaleçam, repensem sua atuação e aprofundem seu diálogo com a base, com a juventude e com toda a sociedade. Além disso, as manifestações cobraram o aprimoramento nas políticas públicas e a promoção efetiva das reformas defendidas pelos movimentos sindical e social.

Da redação
Fotos internas: Enio Fernandes/Treemidia

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