Para 2017: vivas à esperança
Por José Geraldo de Santana Oliveira*
A inquietude, a curiosidade e a incessante busca do desbravamento do desconhecido — que, a um só tempo, angustia e desafia —,são os portais por onde passam as ações humanas criadoras, que movem e transformam os seus agentes em sujeitos de sua própria construção, individual e social.
No entanto, o esteio, o que dá sustentação e vigor a essas ações, é a esperança, que se multiplica em busca, anseio, espera e, sobretudo, renovação; não raras vezes, só da capacidade de acreditar e, por conseguinte, de esconjuração do esmorecimento e da descrença.
Sem esperança, tudo se desbota e amofina-se. Por isso, há séculos, diz-se, aqui e alhures, que a esperança é a última que morre. Na verdade, a última a morrer é a vida, que perece quando se acaba a esperança, não necessariamente a física; na maioria das vezes, a mental — espiritual, para os crentes de todas as religiões —, que é a mais dolorosa de todas as formas de perecimento da vida.
A comemoração de cada ano que se descortina no horizonte, por todos os povos do mundo, em datas distintas — sendo para todos os que seguem o calendário Gregoriano, ao dia 1º de janeiro — reveste-se da mais límpida e comum maneira de renovarem as suas esperanças no porvir.
Em dezenas de países, dentre eles o Brasil de hoje — sequestrado pelos articuladores, organizadores e promotores do golpe do impeachment da presidente da República, que fazem plantão permanente nos três poderes da República —, efetivamente, não há um só motivo para se comemorar a chegada do novo ano, que já nascerá envelhecido e marcado pela impiedosa e cotidiana destruição, com pesadas armas — emendas constitucionais, leis e decisões judiciais, principalmente do Supremo Tribunal Federal (STF) — , do Estado de Bem-Estar Social, implantado pela Constituição de 1988.
Todavia, como se fosse por milagre, o povo brasileiro, alvo principal destes facínoras, comemorará, ainda que não seja com o costumeiro entusiasmo, a chegada do ano novo; e é bom que assim seja, porque esta comemoração, se não decorre de motivo concreto, assenta-se no manto do símbolo esperança, na crença de sua própria força e na convicção de que os males e os malfeitores não são eternos; e que, se confrontados forem pelo clamor das ruas, em breve irão para o único lugar de que são merecedores: o lixo tóxico da história. E, a partir daí, os grilhões que prendem do Brasil serão quebrados e a decência e o bem-estar, reconstruídos.
Por isto, os(as) brasileiros(as), que não se fartam da taça do mal, servida pelo capital, por meio de Temer e seus comparsas, hão de dizer, em uma só voz: que 2017 e os demais anos vindouros sejam prósperos e redentores.
Vivas à esperança: a pedra de toque dos seres humanos.
*José Geraldo de Santana Oliveira é consultor jurídico da Contee