Direção da Petrobras ofende Irã para agradar EUA, mas é constrangida a abastecer navios iranianos
A abjeta submissão do Brasil aos EUA vem ganhando contornos absurdos no governo presidido pelo capitão da extrema direita, Jair Bolsonaro. Tudo que Donald Trump quer ele consegue por aqui. Para agradar o republicano bilionário, a atual direção da Petrobras, que defende a privatização da empresa, negou-se a abastecer dois navios do Irã, país rebelde que é alvo da fúria e da arrogância imperialista de Washington. Foi preciso a intervenção do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, para impedir o que seria uma grave e desnecessária ofensa ao governo e ao povo irariano, com sérios prejuízos para a economia, sem falar da combalida soberania nacional.
Na quarta-feira (24), o Irã reagiu, ameaçando suspender suas importações do Brasil se o país não permitisse o reabastecimento dos dois navios iranianos que estão parados no Porto de Paranaguá desde o começo de junho.
Segundo o jornal O Globo, o embaixador do Irã em Brasília, Seyed Ali Saghaeyan, disse a funcionários do governo brasileiro que poderia facilmente achar novos fornecedores de milho, soja e carne se o país se recusar a abastecer os navios. Para o setor agrícola brasileiro, o impasse é uma péssima notícia. No primeiro semestre, o Irã importou cerca de 2,5 milhões de toneladas de milho do Brasil, praticamente o mesmo volume importado no mesmo período do ano passado, segundo dados oficiais.”
Leia abaixo matéria sobre o tema da jornalista Gabriela Coelho para o Consultor Jurídico:
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, rejeitou nesta quarta-feira (24/7) recurso da Petrobras para reverter decisão que obriga a estatal a abastecer dois navios iranianos parados há quase 50 dias no porto de Paranaguá (PR).
O Tribunal de Justiça do Paraná determinou que a Petrobras venda o combustível aos navios. A estatal se negou a fazer o negócio sob a justificativa de que as embarcações estão na lista de empresas sancionadas pelos Estados Unidos. O argumento é que, ao fornecer o óleo, a própria estatal estaria sob risco de sofrer penalidades pelas autoridades norte-americanas.
Segundo Toffoli, a empresa brasileira Eleva Química, responsável pelas embarcações, não está na lista de agentes sancionados pelos EUA, por isso não há possibilidade de a Petrobras sofrer sanções dos americanos, uma vez que o reabastecimento será feito por ordem judicial.
“Com essa razões, julgo improcedente o pedido de suspensão, ficando, por consequência, cassada a decisão liminar, ante a ausência de risco de efeito multiplicador da decisão ora impugnada, bem assim da potencial lesão aos interesses primários relacionados à soberania nacional, à ordem administrativa e à economia em razão da execução da decisão proferida no AI nº 0030758-77.2019.8.16.0000”, diz.