Defesa da Unicidade Sindical deu o tom do ato no Sindicato dos Metroviários
Cerca de 250 dirigentes sindicais estiveram presentes no Ato em Defesa dos Direitos Sociais, da Justiça do Trabalho e das Entidades Sindicais (convocado pela CTB, Nova Central, CSB, CGTB e FST) realizado na manhã desta segunda-feira (4) no Sindicato dos Metroviários de São Paulo.
A defesa do Artigo 8º da Constituição e da Unicidade Sindical deu o tom da reunião, que também aprovou moções repudiando as ameaças de um novo AI-5 feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro, em defesa da liberdade de imprensa e da Justiça do Trabalho.
Retrocesso civilizatório
“Vivemos um processo de profundo retrocesso civilizatório”, afirmou o presidente da CTB, Adilson Araújo. “A partir do golpe de 2016, com a ascensão de Michel Temer ao Palácio do Planalto, teve início uma ofensiva inédita contra os direitos sociais, a soberania e a democracia. Estão destruindo tudo que de positivo nosso povo conquistou”.
Ao fazer um balanço de dois anos da nova lei trabalhista, vigente desde novembro de 2017, o sindicalista apontou as mentiras embutidas no discurso neoliberal usado para justificar as mudanças. Disseram que a reforma era o remédio para o desemprego, mas o que se verificou na realidade foi o crescimento avassalador da informalidade e da precarização.
Hoje sobe a mais de 30 milhões o número de trabalhadores e trabalhadoras desocupadas ou subocupadas, ou seja trabalhando por conta própria, tempo parcial e sem carteira e recebendo menos que um salário mínimo.
“É uma tragédia que o governo Bolsonaro quer ampliar impondo a pulverização dos sindicatos, acabando com a Unicidade Sindical e instaurando o pluralismo. Se já tá difícil com os sindicatos, imagine sem eles”, comentou Araújo, que defendeu a formação de uma ampla frente social e política por um novo projeto nacional de desenvolvimento.
Era Vargas
No mesmo diapasão o presidente da Nova Central, José Calixto Ramos, observou que a Unicidade Sindical “adapta-se à vontade da classe trabalhadora e do movimento sindical brasileiro”, razão pela qual sobreviveu desde sua instituição no governo Vargas, mediante o Decreto-Lei n.º 19.770, de março de 1931, sendo consagrada na Constituição de 1988 depois de muito debate.
Por seu turno, o presidente da CGTB, Ubiraci Dantas Oliveira, o Bira, afirmou que a classe trabalhadora será a principal vítima do pluralismo se o governo Bolsonaro conseguir acabar com a unicidade, ao mesmo tempo em que manifestou otimismo com a luta. “Nós vamos derrubar”, ressaltou, referindo-se à proposta de pluralismo.
Bira criticou também os que falam em “acabar com a Era Vargas” (inclusive no meio sindical), um discurso que acompanha a obra golpista contra a classe trabalhadora, traduzido na destruição do Direito do Trabalho, privatizações de empresas estratégicas e entrega do patrimônio nacional ao capital estrangeiro.
Comunicação
Oswaldo Augusto de Barros, coordenador do Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST), enfatizou a necessidade de investir mais na comunicação com as bases para conscientizar os trabalhadores sobre o tema e mobilizar contra o retrocesso.
O presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo (entidade filiada à Força Sindical), Eduardo Annunciato, o Chicão, ressaltou a necessidade de “atualizar o nosso discurso, pois o trabalhador não se se mobiiza em defesa da unicidade ou do pluralismo sindical, é preciso que ele entenda que o enfraquecimento das entidades sindicais é para prejudicá-lo, para retirar direitos, aumentar jornada e reduzir salários”. Chicão também fez um apelo para a unidade das centrais e do conjunto do movimento sindical brasileiro em defesa dos direitos sociais, da democracia e da soberania nacional.