Por racismo à China, PGR pede inquérito no STF contra Weintraub
Ministro ridicularizou sotaque dos chineses e sugeriu que o país asiático se beneficia da pandemia do novo coronavírus
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira 14, a abertura de um inquérito contra o ministro da Educação, Abraham Weintraub, para apurar a ocorrência do crime de racismo em declarações contra a China.
No início do mês, Weintraub publicou em sua conta no Twitter um post com uma imagem de gibi, em que satiriza o modo de falar dos chineses. O ministro insinuou que a China será beneficiada pela pandemia do novo coronavírus e trocou a letra “R” por “L” em sua mensagem, fazendo referência ao personagem Cebolinha para ridicularizar o sotaque de asiáticos.
Imediatamente, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, acusou Weintraub de racismo e afirmou que as declarações do ministro causam “influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil”. O chefe da Educação apagou a publicação de sua conta, mas a decisão não evitou novos desdobramentos.
Em documento ao STF, o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, pede a investigação sobre “manifestação depreciativa, com a utilização de elementos alusivos à procedência do povo chinês”, por parte de Weintraub.
“Esse comportamento configura, em tese, a infração penal prevista na parte final do art. 20 da Lei nº 7.716/1989, que define os crimes resultantes de preconceito”, sustenta Medeiros.
O pedido de abertura de inquérito por racismo havia sido solicitado à PGR pelos deputados da bancada do PSOL na Câmara. Além disso, os parlamentares exigiram indenização a ser paga pelo ministro. O dinheiro seria revertido para organizações de direitos humanos de acolhimento aos imigrantes.
CartaCapital solicitou o posicionamento do Ministério da Educação, mas não obteve resposta.