Sinproep-DF: A guerra da vacina contra a COVID-19
Artigo do professor Rodrigo de Paula – Historiador, Diretor do Sinproep-DF e Contee
A pandemia da COVID-19 atingiu em cheio o mundo inteiro. O Brasil entrou o ano de 2020, mais precisamente, a partir do mês de março, com a contaminação em alta e a decretação do estado de calamidade pública pela Organização Mundial da Saúde. O setor da educação do Distrito Federal foi um dos primeiros a paralisar as atividades presenciais. Nesse momento, a atuação do Sinproep-DF em defesa da saúde e da vida dos trabalhadores, dos alunos e da comunidade escolar foi decisiva.
Diante da calamidade mundial, os cientistas passaram a correr contra o tempo, em busca da criação de uma vacina eficaz que pudesse conter a força avassaladora do vírus desconhecido que dizimou milhões de vidas em todos os continentes. Com isso, em menos de um ano, foram anunciadas quase uma dezena de experimentos, alguns com resultados promissores, tanto que, no Reino Unido e na Rússia, já se iniciaram a vacinação em massa da população.
No Brasil, o problema da imunização contra a COVID-19 enveredou pelo caminho da disputa política, o que, por certo, irá dificultar a criação de um programa nacional de vacinação em massa da população, com estabelecimento de critérios únicos e de prioridades, a partir dos grupos de risco, por idade e por categorias expostas à contaminação pela necessidade profissional, repetindo o que foi estabelecido durante a pandemia da gripe influenza H1N1.
Devido a esses impactos de disputa política entre o governo federal, os estados e os munícipios, ainda não existe definição de quando será iniciada a campanha de imunização da população nem qual, ou quais, vacina será aplicada. Não temos um planejamento claro a respeito de como será procedida essa imunização e quais grupos serão prioritários.
Em São Paulo, o governo estadual, em decisão unilateral, anunciou o início da vacinação da população para a segunda quinzena de janeiro. No planejamento, mais uma vez, os trabalhadores da educação ficaram de fora do grupo prioritário para imunização. Essa posição das autoridades paulistas levou o Sindicato dos Professores paulista a fazer gestões junto às autoridades para a inclusão dos profissionais da educação no grupo de risco, junto com os trabalhadores da saúde e de outras categorias.
Em 2016, por ocasião da pandemia da H1N1, o Sinproep-DF foi obrigado a ajuizar, na Justiça Federal, uma ação ordinária exigindo a extensão da vacina para professores(as), coordenadores(as) e orientadores(as) educacionais. Naquela oportunidade, buscou o apoio do deputado Reginaldo Veras (PDT) e conseguiu incluir os profissionais da educação do DF no grupo de risco.
Foi uma ação pioneira, que abriu caminho para que, em todo o Brasil, os trabalhadores da educação tivessem prioridade na imunização contra a gripe influenza. Nada mais justo, devido à exposição permanente desses profissionais junto a comunidade escolar.
No Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha não definiu, até agora, um projeto de imunização, à espera de uma definição do governo federal. Em vista disso, o Sinproep-DF aguarda o desenrolar para tomar uma posição e, no momento adequado, exigir a mesma sistemática adotada em 2019 para a campanha de vacinação contra a gripe (influenza), que considerou os professores de escolas públicas e privadas como grupo prioritário. Isso se dá em razão do risco de contágio existente em sala de aula, local de aglomeração de pessoas.
Esperamos que as divergências nas esferas federal e estadual, nesse momento de grande aflição para a sociedade diante da crise sanitária de saúde, não se prolongue por muito tempo. Essa guerra coloca em risco a saúde da população brasileira.
Vidas humanas importam!