Todo mundo está de olho no 13º do trabalhador. O que fazer? Confira dicas
É Black Friday, ou fraude, oferta de produtos e empréstimos a longo prazo, com altas taxas de juros, enfim, está todo mundo de olho no seu 13º. Confira dicas sobre onde usar esse dinheiro
Com a disparada da inflação e da taxa básica de juros (Selic) e os recordes de desemprego e queda de renda e 74,6% das famílias brasileiras envividadas, os trabalhadores e trabalhadoras com carteira assinada e, portanto, com direito ao 13º salário têm de fugir das armadilhas de fim de ano.
É Black Friday, ou fraude, oferta de produtos e empréstimos a longo prazo, com altas taxas de juros, enfim, está todo mundo de olho no seu 13º, mas você precisa priorizar onde vai gastar para não se tornar mais um inadimplente com nome sujo na praça.
O PortalCUT ouviu especialistas que dizem porque é importante economizar e priorizar onde vai gastar esse dinheiro.
Até 20 de dezembro, final do prazo para as empresas pagarem a segunda parcela a do 13º, há segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Diesse), uma estimativa de que cerca de R$ 232,6 bilhões sejam injetados na economia. Este montante representa aproximadamente 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
Serão cerca de 83 milhões de brasileiros beneficiados com rendimento adicional, em média, de R$ 2.539, pagos a trabalhadores do mercado formal, inclusive aos empregados domésticos; aos beneficiários da Previdência Social e aposentados e beneficiários de pensão da União (essa parcela recebeu o benefício no meio do ano, antecipado pelo governo) e dos estados e municípios.
Mas, quem vai colocar as mãos no 13º, precisa se preocupar e poupar por uma série de razões.
O diretor-adjunto do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira, cita algumas delas. Segundo ele, é preciso poupar o 13º porque nos últimos anos, diferentes dos anos 2010 e 2011, no governo Dilma Rousseff (PT), em que havia quase pleno emprego no país, hoje a realidade é outra, com o desemprego em alta, a insegurança aumenta.
“O cenário era outro com as pessoas trocando de carro, fazendo reformas em suas casas. Não havia essa insegurança de perder o emprego e não conseguir outro. A incerteza hoje no mercado de trabalho é muito grande”, diz Silvestre.
Embora quem receba o benefício integral no fim do ano seja a parcela da população que menos sentiu os efeitos devastadores da pandemia na economia, as incertezas para o próximo ano com inflação estimada em mais de dois dígitos também tiram a segurança de quem quer simplesmente gastar para se divertir com o 13º salário, acredita a economista da Unicamp, Marilane Teixeira.
Afinal, em outubro deste ano, cerca de 12,2 milhões de famílias brasileiras tinham dívidas a vencer, o maior contingente registrado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que realiza há 11 anos a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
“Diante desta situação, quem tem dívidas é melhor pagar com o valor do 13º salário”, aconselha Marilane.
Opinião parecida tem o diretor-técnico adjunto do Dieese. Silvestre afirma que, a rigor, quem recebe a média do estudo de R$ 2.539, prefere pagar as dívidas, pois não dá para fazer muito com este valor. Já quem tem rendimento maior faz a sua tradicinnal compra de Natal e guarda uma parcela em investimentos.
“Meu conselho é que as pessoas além de pagar suas dívidas, quem puder, guarde uma parte para pagar as contas extras que costumam vencer em janeiro como IPVA, IPTU e as matrículas escolares e, se ganha ainda mais, invista”, diz Silvestre.
A economista da Unicamp, diz que além do endividamento das famílias ser preocupante, as taxas de juros que os bancos cobram do cheque especial e do cartão de crédito, impedem que as pessoas consigam sair dessa bola de neve que se tornam as dívidas.
A taxa básica de juros, Selic, que serve de referência para as aplicações de renda fixa, está em 7,75% ao ano, o custo de empréstimo mais barato de mercado para pessoa física, no crédito consignado para servidores públicos, é em média de 17,6% ao ano.
“Quem já tem vínculo de emprego e um pouco mais de segurança deve provavelmente, priorizar pagar as dívidas por causa do momento de juros maiores. É o que eu faria, para evitar me endividar ainda mais à frente, porque os juros do crédito e do cheque especial estão em proporções assustadoras”, afirma Marilane Teixeira.
A economista lembra que, normalmente, as pessoas já sabem o que fazer, até institivamente, com o dinheiro extra que entra na conta, e historicamente o pagamento de dívidas tem prioridade, e o restante é incorporado às despesas normais.
“Se não der para pagar toda a dívida com o 13º, dá para abater o total ou mesmo renegociar, para que não fique uma bola de neve impagável”, reforça a Marilane.