A Contee e o abraço da Democracia: Ditadura nunca mais, luta, memória e esperança
Nesta quarta-feira, 8 de janeiro de 2025, a Praça dos Três Poderes se tornou o palco de um evento de grande simbolismo, com a participação de autoridades, movimentos sociais e cidadãos em defesa do Estado Democrático de Direito. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE) somou-se ao “Abraço da Democracia”. A data marcou dois anos dos atos golpistas que, em 2023, invadiram as sedes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, deixando um rastro de destruição e violência. É um dia para lembrar, para não esquecer, porque somente ao reconhecermos o impacto do que ocorreu podemos garantir que os horrores do passado não voltem a se repetir.
O que aconteceu em 2023, quando grupos extremistas invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, foi um ataque não apenas às instituições democráticas do Brasil, mas também à alma do nosso país. O Palácio do Planalto, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal — símbolos da democracia e da liberdade — foram alvos de uma ação que buscava desestabilizar o funcionamento do Estado Democrático de Direito. O golpe, como se viu, não se limitou à destruição de espaços físicos, mas buscou atingir a confiança da população em seus próprios direitos e em suas instituições.
O evento se deu carregado de significados, refletindo o desejo de relembrar o passado recente, mas também de olhar para o futuro com renovado vigor. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em sua fala fez questão de ressaltar a importância do momento:
“Hoje é dia de dizer em alto e bom som: ainda estamos aqui. Estamos aqui para dizer que estamos vivos e que a democracia está viva; Estamos aqui, mulheres e homens, de diferentes origens, crenças, partidos e ideologias, unidos por uma causa em comum. Estamos aqui para dizer em alto e bom som: ditadura nunca mais, democracia sempre.”
Um dos momentos mais emblemáticos da programação foi a reintegração de 21 obras de arte que haviam sido vandalizadas durante a invasão ao Palácio do Planalto. Entre essas peças, estão o relógio do século XVII, um presente da Corte Francesa a Dom João VI, que se tornou símbolo dos ataques antidemocráticos. A restauração desse relógio, realizada na Suíça, foi um exemplo da solidariedade internacional e do esforço para preservar o patrimônio cultural do Brasil, sem custos para o governo brasileiro.
Além disso, a tela As Mulatas, de Di Cavalcanti, foi restaurada e retornou à parede do Salão Nobre do Palácio do Planalto. Durante a cerimônia, o presidente Lula e autoridades presentes participaram do descerramento da obra, que havia sido perfurada durante a invasão. Este gesto representou não apenas a recuperação de um bem artístico, mas também um ato de resistência cultural e simbólica, mostrando que a arte e a democracia estão conectadas.
Atividades Educativas e Participação Popular
A programação também incluiu uma sessão educativa, com a participação de jovens de projetos de Educação Patrimonial. Alunos entregaram réplicas das obras restauradas As Mulatas e a ânfora, que havia sido danificada durante os ataques, como parte de uma atividade que ressaltou a importância da educação no fortalecimento da democracia.
Às 11h, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, autoridades do Judiciário e Legislativo, ministros, e lideranças da sociedade civil organizada se reuniram em uma cerimônia com a presença de todos os ministros do governo, fortalecendo a mensagem de unidade e resistência democrática. A cerimônia serviu também como um momento de reconhecimento dos esforços para restaurar as obras e as instituições brasileiras, além de reafirmar a importância da preservação do Estado Democrático de Direito.
O Abraço à Democracia: A Participação da Sociedade
O ponto culminante do evento ocorreu ao meio-dia, quando movimentos sociais e a população em geral participaram de um simbólico “Abraço à Democracia” na Praça dos Três Poderes. Este ato, que representou a união popular em torno da defesa da democracia, contou com a presença de diversas lideranças e ativistas que se uniram em torno da Praça, simbolizando a força da sociedade civil na luta contra as ameaças à liberdade e aos direitos fundamentais.
O presidente Lula, junto com os convidados presentes no Salão Nobre, desceu até a Praça dos Três Poderes para participar dessa última atividade. A imagem de centenas de pessoas unidas em torno das flores da democracia, de mãos dadas e com faixas em defesa da liberdade, se tornou um símbolo de resistência diante dos desafios enfrentados pelo país.
A Contee Apoia o Movimento
A CONTEE, como representante dos trabalhadores da educação privada, se junta a esse movimento, com a convicção de que é necessário lembrar para não esquecer. “Quando olhamos para as ruínas do 8 de janeiro, não vemos apenas os danos materiais, mas os danos à nossa cidadania, à nossa liberdade e à nossa história. Como educadores e trabalhadores da educação, sabemos que a educação é o maior antídoto contra a ignorância e o retrocesso. É por meio dela que podemos formar cidadãos conscientes e comprometidos com a defesa da democracia. A educação pública, inclusiva e de qualidade, deve ser o pilar para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, evidenciou a entidade.
O Ano da Defesa da Democracia
O evento de 8 de janeiro de 2025 não foi apenas uma lembrança do passado, mas um forte recado de que a defesa da democracia será a bandeira central do ano que se inicia. A data reafirma a importância de manter a união de diferentes segmentos da sociedade em prol da preservação das instituições democráticas e do Estado de Direito.
A cerimônia, com seu caráter simbólico e educativo, demonstrou o compromisso do Brasil com o fortalecimento da democracia e a preservação de sua história. Em meio ao reconhecimento das perdas e das dificuldades, o evento também foi um grito de esperança e de renovada força, sinalizando que a luta pela democracia e pelos direitos fundamentais nunca cessará. A luta pela democracia é também uma luta pela memória. SEM ANISTIA E DITADURA NUNCA MAIS.
Por Romênia Mariani