A força da bancada evangélica nas eleições municipais
Considerada influente no processo legislativo pela sua representatividade, a bancada mesmo tendo ampliado sua presença nos poderes Legislativo e Executivo tem encontrado dificuldades para fazer avançar sua pauta no Legislativo.
Neuriberg Dias*
Assim como ocorreu nas eleições gerais de 2018 — para presidente da República, governadores, senadores, deputados estaduais e distritais, no caso do Distrito Federal, e federais — a bancada evangélica deve aumentar sua representação no pleito municipal de 2020, quando se elegem prefeitos, vice-prefeitos e vereadores nos 5.570 munícipios brasileiros.
A bancada evangélica é atualmente uma das maiores no Poder Legislativo, segundo levantamento do DIAP, com 85 representantes. Das 594 cadeiras do Congresso Nacional — 513 deputados e 81 senadores — 76 deputados e 9 senadores da República eleitos no pleito de 2018 compõem a bancada.
Levantamento histórico do DIAP mostra a evolução das cadeiras conquistadas pela bancada evangélica no Poder Legislativo a cada eleição geral:
1) em 2014, foram 78, sendo 75 deputados e 3 senadores;
2) em 2010, foram 73, sendo 70 deputados e 3 senadores; e
3) em 2006, foram 36, sendo 32 deputados e 4 senadores.
Considerada influente no preocesso legislativo pela sua representatividade, a bancada mesmo tendo ampliado sua presença nos poderes Legislativo e Executivo tem encontrado dificuldades para fazer avançar sua pauta no Legislativo. Assim, deve usar seu poderio político para ampliar sua representação nos municípios, a fim de se fortalecer para as próximas eleições gerais.
Há 3 aspectos que indicam essa orientação ou entendimento em relação à força política dos evangélicos e as possibilidades de ampliarem essa variável no pleito de 2020.
O primeiro aspecto a ser analisado é que o número de evangélicos cresceu e atingiu a marca de 30%, correspondendo a 60 milhões de brasileiros. Desse modo, a continuar esse crescimento, os evangélicos devem ultrapassar o total de seguidores da fé católica no País em 2032, com base nos dados colocados disponíveis pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O segundo aspecto é a opinião pública e o trabalho prestado pelos candidatos pastores nas comunidades periféricas e para diversos grupos sociais e econômicos. Além disso, conta com boa estrutura para colocar a serviço dessas comunidades e grande influência nesses lugares, além de boa rede de comunicação dos candidatos apoiados por esse segmento.
O terceiro aspecto é a disponibilidade de recursos para apoiar os candidatos dos partidos, em particular, o fundo eleitoral; o orçamento impositivo com mudanças recentes que garantem recursos diretos aos estados e municípios para ampliar os serviços prestados à população.
Os fatores elencados acima colocam os candidatos evangélicos, para o pleito de 2020, em vantagem estratégica e, pelo que tudo indica até o momento, as eleições municipais vão fazer parte da estratégia de sair das urnas mais fortalecidos para garantir crescimento da bancada em 2022 para “tocar” a pauta conversadora, que enfrenta resistência no Congresso Nacional.
(*) Jornalista, assessor legislativo e analista político do Diap