Aborto legal de criança de 10 anos ocorre em segurança após a expulsão de extremistas

Criança viajou do Espírito Santo até o Recife para fazer o procedimento, autorizado por lei

Fundamentalistas relgiosos tentaram invadir neste domingo (16) o Centro Integrado de Saúde Amauri de Medeiros (Cisam), no Recife (PE), para impedir o aborto legal de uma criança de 10 anos, que engravidou após ser estuprada pelo tio. A paciente teve o direito negado no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), no estado do Espírito Santo, e viajou para a capital pernambucana exclusivamente para interromper a gravidez. Após a expulsão dos extremistas por um grupo de mulheres feministas, o procedimento foi realizado em segurança e a criança passa bem.

O Brasil, por lei, permite o aborto em casos de gravidez decorrente por estupro e em casos onde há risco de vida para a mãe ou anencefalia do feto.

Durante o dia, grupos conservadores permaneceram em frente ao Cisam e criticaram a realização do procedimento, mesmo após a autorização do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Estiveram no local parlamentares contra o aborto, como os deputados Clarissa Tércio (PSC), Cleiton e Michelle Collins, ambos do PP, o vereador Renato Antunes (PSC), o deputado estadual Joel da Harpa (PP) e a ex-deputada Terezinha Nunes (MDB).

O episódio foi um dos mais comentados do dia nas redes sociais. A criança era vítima de violência há quatro anos.

A Pesquisa Nacional de Aborto, realizada em 2015 pelo Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis) em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), mostrou que uma em cada cinco mulheres entre 18 e 39 anos já tinha realizado pelo menos um aborto até os 40 anos, totalizando de quase 500 mil intervenções. Os números podem ser maiores, já que a pesquisa não abrangeu adolescentes, mulheres em áreas rurais e após os 49 anos.

Brasil de Fato

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