Alterar NRs de segurança beneficia só o capital, diz presidente do Diesat

O governo quer facilitar os negócios e reduzir os custos das empresas. Mas não leva em conta que as mudanças nas Normas Regulamentadoras podem agravar a insegurança e aumentar ainda mais as doenças no trabalho e os acidentes”. O alerta é de Elenildo Queiroz (Nildo), diretor dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região e presidente do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e Ambiente de Trabalho – Diesat.
Agravamento – Segundo o dirigente, que também é técnico em segurança no Trabalho, e professor da matéria, o mais grave é o relaxamento da NR 12 (a chamada norma das prensas). Pela regra, ao instalar máquina ou equipamento, a empresa precisa garantir a integridade física do trabalhador com avisos, barreiras, entre outras. Com as mudanças, se for uma máquina de uso difundido, basta instalar e usar.

Crítica – Nildo Queiroz critica duramente essa alteração. Ele argumenta: “O próprio Anuário Geral de Acidentes mostra que a NR-12 reduziu a incidência. Vale lembrar que acidente com prensa sempre é traumático. Nesse tipo de máquina, a pressão é de várias toneladas, o que massacra a vítima. Um capacete na construção civil aguenta oito quilos. Já o pescoço humano suporta apenas a pressão de dois quilos”.

Massacre – O presidente do Diesat cita dados do Observatório do Trabalho do MPT, que registra, nos últimos 10 anos, ocorrência de 4,8 milhões de acidentes. Nildo Queiroz acrescenta: “Em uma década, o Brasil registrou 15 mil mortes por acidente de trabalho, o que é um massacre, com perdas humanas, sequelas de toda ordem e muito custo para as famílias e o INSS”.

Comparações – Para o sindicalista metalúrgico, comparações do governo com a Europa não procedem. “Nosso parque fabril é antiquado, com máquinas inseguras. Além do que nosso trabalhador não recebe treinamento adequado e pouco passa por reciclagens”.

Seminário – Dia 24 de agosto, o Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região realizará, em sua sede, o 22º Seminário de Segurança e Saúde no Trabalho. Essas mudanças, certamente, serão debatidas por cipeiros, técnicos e engenheiros do trabalho.

Agência Sindical

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