América Latina: posse de Maduro e eleição em 5 países marcarão 2025

Equador, Chile, e Bolívia passam por eleições e transições políticas em um ano decisivo para o continente, marcado pelo novo governo de Donald Trump

A posse do presidente reeleito da Venezuela, Nicolás Maduro, nesta sexta (10), promete ser o ponto de partida de um ano politicamente intenso na América Latina. Além das tensões em Caracas, eleições decisivas acontecerão em pelo menos cinco outros países da região, consolidando ou desafiando o equilíbrio de forças entre governos de esquerda e a ascensão de líderes de extrema direita e neoliberais.

O cenário latino-americano será ainda influenciado pelo retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, o que pode gerar efeitos diretos sobre migração, tarifas e relações comerciais.

A posse de Maduro será acompanhada de perto por todo o continente e outros países do globo. Embora o processo eleitoral tenha sido reconhecido pela Justiça Eleitoral venezuelana, a oposição golpista liderada por María Corina Machado e Edmundo González Urrutia tenta minar o resultado.

Antes exilado na Espanha, González já anunciou que voltará ao país para se autoproclamar presidente, ecoando tentativas de desestabilização anteriores vistas na Venezuela. O anúncio foi feito em Buenos Aires, no último sábado (4), em visita ao líder da extrema direita da Argentina, o presidente Javier Milei.

Equador

A movimentação na Venezuela ocorre em um cenário onde outros países latino-americanos também enfrentarão momentos decisivos em suas democracias. No Equador, as eleições ocorrerão com o primeiro turno no dia 9 de fevereiro e, caso necessário, o segundo turno no dia 13 de abril. A disputa deve medir a força de Luisa González, favorita nas pesquisas, contra o atual presidente Daniel Noboa, que conta com o apoio da mídia e do aparato estatal.

O Equador atravessa uma grave crise na segurança pública. Considerado um dos países mais seguros da América Latina em 2017, o país andino viu sua taxa de homicídio crescer 700% desde a ascensão da direita.

A recente escalada da violência está diretamente ligada ao tensionamento inconsequente do governo Noboa, que, mesmo sem o orçamento necessário, prometeu desmantelar grupos criminosos. A crise reflete, ainda, o desmonte de políticas públicas por parte dos governos anteriores, de Lenin Moreno (2017-2021) e Guillermo Lasso (2021-2023).

No Equador, a luta política será entre Luisa González, aliada de Rafael Correa, e o atual presidente Noboa, bilionário que se alçou como um novo Nayib Bukele.

Bolívia

Os bolivianos também irão às urnas para eleger o presidente da República, assim como seus representantes no Poder Legislativo. A votação foi marcada para o dia 17 de agosto. Caso haja segundo turno, a votação será em 19 de outubro.

O cenário político segue convulsionado por uma disputa entre o atual mandatário do país, Luis Arce, e o ex-presidente Evo Morales, que disputam o controle do partido governista MAS [Movimento ao Socialismo].

Chile

O Chile, por sua vez, terá eleições presidenciais em 16 de novembro. Caso nenhum candidato vença de primeira, será realizado um segundo turno em 14 de dezembro.

O atual presidente Gabriel Boric, de centro-esquerda, não pode se candidatar a uma reeleição e ainda não foi definido a quem ele apoiará. Enquanto isso, o nome da ex-presidente Michele Bachelet tem sido citado nos debates para a eleição presidencial de 2025.

O segundo colocado nas eleições chilenas de 2021, o político de extrema-direita José Antonio Kast, defensor da ditadura de Pinochet, é apontado como um forte candidato à cadeira presidencial.

Argentina

Na Argentina, o poderio político e eleitoral do presidente Javier Milei será posto à prova em 26 de outubro, quando os hermanos definirão metade das cadeiras da Câmara e um terço dos assentos no Senado.

As eleições legislativas serão uma espécie de referendo sobre a gestão do presidente ultraliberal em face da grave crise econômica que o país enfrenta.

A votação tem contornos simbólicos, uma vez que as cadeiras a serem renovadas no Congresso são insuficientes para Milei alcançar maioria.

Honduras

Já em m Honduras, a eleição está marcada para o dia 30 de novembro. Antes, em março próximo, os partidos hondurenhos realizam as primárias para escolher os candidatos. A atual presidente de Honduras, Xiomara Castro, do partido Livre, de esquerda, espera emplacar sua ministra da Defesa, Rixi Moncada, como sucessora.

Entre os nomes da oposição hondurenha na disputa, figuram Ana García, ex-primeira dama de Juan Orlando Hernández, presidente extraditado para os Estados Unidos e condenado – em julho de 2024 – por narcotráfico a 45 anos de prisão.

Posse de Trump

Outro elemento que promete moldar o ano é a posse de Donald Trump nos Estados Unidos, marcada para 20 de janeiro. Trump já sinalizou que intensificará políticas anti-imigratórias e que poderá impor maiores tarifas sobre produtos do México e Canadá, o que causaria efeitos colaterais nas economias latino-americanas.

Especialistas alertam que as medidas podem resultar em maior pressão sobre governos locais e aumentar as tensões comerciais na região.

Além do contexto político, a economia latino-americana inicia o ano com desafios expressivos. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta um crescimento de 2,5% para a região, mas a persistência de altas taxas de juros em países como Brasil e México pode frear o desenvolvimento. A inflação, embora em queda, continua sendo uma preocupação significativa para as populações locais.

Outro ponto de destaque em 2025 será o papel do Mercosul na integração regional e no comércio internacional. As eleições na Bolívia e no Chile poderão redefinir as dinâmicas internas do bloco, enquanto o Brasil, sob a liderança do presidente Lula, buscará fortalecer o papel do Mercosul como mediador de crises regionais e promotor de desenvolvimento econômico. A ratificação de acordos comerciais e a ampliação do bloco estarão em debate ao longo do ano.

Do Vermelho

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