Ato contra militarização de escolas e mostra de projetos: saiba como foram as atividades extra-debates da CNTE na Conae 2024
Gritos e discursos contra a militarização das escolas de educação básica pública do país reverberaram pela Conae na segunda-feira (29). O ato promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) movimentou o grande público, contando com apoio de professores, demais trabalhadores/as da educação, estudantes, membros da sociedade civil e do poder público. Em apoio ao movimento, a senadora Teresa Leitão (PT-PE) participou do ato e discursou em repúdio aos projetos que desconsideram a escola como lugar de enriquecimento do saber.
“Por parte do Governo Federal, não há mais financiamento (para implementação escolas civis militares), mas os estados que concordam com a proposta estão se mantendo com os nossos recursos. Isso é uma distorção total relacionada ao uso dos recursos destinados ao pagamento dos professores e do piso salarial, e por ser uma intervenção pedagógica terrível (…) o projeto pedagógico é um só, onde conta a organização curricular, a gestão, a avaliação e a participação de todos e de toda.”, relatou a senadora.
Segundo ela, tanto escolas Cívico-Militares, quanto o projeto de Homeschooling (Educação domiciliar) são projetos que negam a escola como um espaço de enriquecimento cultural, de troca de aprendizado e construção do conhecimento. “Nem Homeschooling, nem escola militar produzem cidadania”, reforçou.
Roberto Leão, secretário de Relações Internacionais da CNTE, criticou também a forma que as Cívico-Militares proíbem os estudantes de se expressarem, indo totalmente na contramão do que uma escola democrática busca oferecer à sua comunidade.
“Transformam a população brasileira em um amontoado de robôs que pensam e agem da mesma forma, sem liberdade de escolhas”, disse.
A vice-presidente da Confederação, Marlei Fernandes, mencionou que esse é um debate a ser apresentado na Jornada Latino Americana, que acontecerá em Foz do Iguaçu (PR), entre os dias 22 e 24 de fevereiro. Na ocasião, será entregue uma espécie de dossiê feito por todas as entidades, denunciando governadores e prefeitos que continuam no processo de militarização das escolas públicas.
Projetos transformadores da juventude educadora
O ciclo do primeiro concurso “Juventude que Muda a Educação Pública”, da CNTE, finalizou com grande prestígio na Conae 2024. Quatro dos cinco vencedores estiveram em Brasília, nesta segunda-feira (29), e puderam apresentar para o grande público o impacto e os frutos de seus projetos na educação básica pública.
O momento foi a premiação recebida por cinco jovens trabalhadores em educação, de todas as regiões do país, que se destacaram por suas iniciativas de inclusão, emancipação e promoção dos direitos humanos nas escolas e/ou comunidade escolares
O concurso é idealizado pelo coletivo de juventude da CNTE e de suas entidades filiadas em 2023, e busca estabelecer uma aproximação e valorização dos trabalhadores da educação mais jovens.
“Acreditamos que muitos jovens trabalhadores na educação sabem que os projetos educacionais/sociais que estão envolvidos são formas de fortalecer a educação pública e de qualidade. O concurso é a nossa forma de dizer que a CNTE e seus sindicatos filiados estão na luta com esses educadores”, enfatizou Luiz Felipe Krehan, coordenador do coletivo da Juventude
Bruno Vital, que também coordena o Coletivo, acrescentou também que o concurso joga luz sobre como a juventude está mudando suas realidades por meio da educação.
“Além de criar a identidade e a demarcação etária da juventude, o concurso nos ajuda a dialogar com esse segmento e também nos aproximar desses/as trabalhadores/as, estando eles/as sócios ou não a nossas entidades.”
Conheça cada um dos projetos vencedores
REGIÃO NORTE – Tocantins
Professor: Jonas Gomes da Silva
Projeto: Práticas Experimentais de Física e Olimpíadas de Foguete
REGIÃO NORDESTE – Piauí
Professor: Antonio Grasiane de Sá
Projeto: Bonecos do Bem
REGIÃO CENTRO-OESTE – Distrito Federal
Educador: Jadson Reis de Sousa
Projeto: Entre diversidades e diferenças da 3 da Norte para o Mundo
REGIÃO SUDESTE – São Paulo
Educadora: Samira Moreira Guergolett
Projeto: Tutoria pedagógica bilíngue
REGIÃO SUL – Rio Grande do Sul
Educadora: Vitória Nicolini Nunes
Projeto: O Brasil que Jean-Baptiste Debret viu X o Brasil que nós vemos