Nesta terça-feira (16) pela manhã oito centrais de trabalhadores tomaram um trecho da Avenida Paulista, em São Paulo, para denunciar os ataques aos direitos sociais e trabalhistas da população brasileira. Os atos aconteceram em todo o Brasil. Na capital paulista, o protesto foi realizado em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Participaram dirigentes sindicais do estado, trabalhadores e lideranças do movimento social.
Por Railídia Carvalho
O governo interino de Michel Temer fez com que ganhassem força propostas de parte do empresariado, que busca retirar direitos dos trabalhadores.
Um exemplo é o movimento oficial para que a negociação coletiva ganhe força de lei, ou seja, que o negociado prevaleça sobre a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
O ministro interino do Trabalho, Ronaldo Nogueira, afirmou que a reforma trabalhista que será encaminhada por Temer ao Congresso vai privilegiar a negociação coletiva.
Na opinião de Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), o cenário político atual do país tem o objetivo de retirar direitos previstos na Constituição de 88 e o único caminho é ganhar as ruas.
“A agenda do golpe é ultraliberal e essa unidade é uma sinalização de resistência que reforça a denúncia do golpe contra os direitos dos trabalhadores, contra a previdência e para impor o negociado sobre o legislado e a terceirização irrefreada”, denunciou.
“A unidade é a chave primordial pra que a gente não perca a perspectiva de resistir com unhas e dentes, sobretudo na defesa da política de valorização do salário mínimo, que é garantia inconteste para a sobrevivência de milhares de trabalhadores e das economias dos municípios”, disse Adilson.
Assembleias na base
O vice-presidente da Força Sindical e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), Miguel Torres, afirmou que desde a madrugada os dirigentes da entidade realizaram assembleias de uma hora de duração nas 40 principais empresas dos trabalhadores do setor metalúrgico.
“Na minha avaliação este é o principal ato em defesa dos trabalhadores que tivemos este ano. A indústria está parada, a economia está afundando e os trabalhadores perdendo o emprego e agora também correm o risco de perder seus direitos. Contra isso vamos resistir”, enfatizou Miguel.
Luiz Gonçalves, o Luizinho, presidente da Nova Central de São Paulo, comentou o simbolismo do ato acontecer em frente à Fiesp. O dirigente relembrou a participação da entidade no golpe de 64, que fez entre as principais vítimas o movimento sindical.
“Hoje estamos aqui pra protestar contra o golpe da toga, da patrãozada. Querem tirar o dinheiro da economia para colocar os trabalhadores de joelhos mas não vão conseguir”, disse Luizinho.
O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, completou a referência ao empresariado. “É incrível que em pleno século 21 a Confederação Nacional da Indústria proponha jornada de 80 horas semanais”, protestou o dirigente.
Trabalhadores no parlamento
Luiz Carlos Motta, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT) de São Paulo, informou que a entidade vai realizar manifestações durante o dia de hoje em todas as regionais da UGT.
Segundo Luiz, a ausência de representantes dos trabalhadores nos parlamentos fortalece os ataques aos direitos trabalhistas. O dirigente lembrou que a UGT tem estado vigilante no Congresso Nacional contra os projetos de lei que atacam a CLT.
De acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) são 55 projetos de lei que atacam os direitos dos trabalhadores, entre eles, o da terceirização nas atividades-fim.
Na conta dos banqueiros
“São projetos que impõem perdas aos trabalhadores que lutaram a vida inteira pra conquistar o que conquistaram”, ressaltou a bancária Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
“Os banqueiros têm que bancar a conta não os trabalhadores porque quem tem mais tem que pagar mais”, declarou a sindicalista.
“É essa a conta que a gente tem que cobrar. Dos rentistas, dos grandes banqueiros. Não pode jogar a conta para os trabalhadores com a reforma da previdência”, completou Juvandia.
Contra a soberania, direitos sociais e trabalhistas
Sérgio Nobre definiu o projeto de reforma trabalhista do governo Temer como “um crime contra os trabalhadores e contra o povo brasileiro”.
“Querem mexer na única segurança que o povo brasileiro tem na velhice, principalmente o trabalhador rural”, lembrou o dirigente da CUT.
Além da reforma trabalhista e previdenciária, o governo provisório de Michel Temer quer aprovar o congelamento por 20 anos das despesas com educação e seguridade social que vão desmontar as áreas da saúde e previdência.
“Ao lado desses ataques vêm as privatizações, a entrega do pré-sal, que é nosso passaporte para melhorar a saúde, educação”, enumerou Sérgio.
Ele completou que neste momento “cada trabalhador, independente da categoria a que pertença e independente da central que o represente, tem motivos para ocupar as ruas”.
Greve Geral
A opção pela greve geral foi citada pela maioria dos sindicalistas em suas falas. O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, afirmou que o ato desta terça é uma preparação para a greve geral.
Sérgio Nobre e Miguel Torres lembraram que a manifestação é um ensaio para um paralisação em todo o Brasil. Dirigentes da Conlutas lembraram que nesta terça ocorreram várias paralisações em unidades da General Motors e da Parker.
Onofre Gonçalves, da CTB-SP, disse que é grande a possibilidade de haver uma greve geral. “Mas para isso é importante fortalecer a unidade das centrais para que possamos construir a greve. Hoje por exemplo esse ato é um preparo e achamos que é possível construir a greve”, disse.
Os atos desta terça-feira contaram com as representações da Força Sindical, CUT, CTB, UGT, Nova Central, CGTB, Intersindical e Conlutas.
Do Portal Vermelho