Bolsonaro acabou de queimar a imagem do Brasil no mundo
A imagem do Brasil no exterior já vinha sendo manchada desde o golpe de 2016 e, ainda com mais intensidade, após atitudes, declarações tresloucadas e políticas do governo de extrema direita. Agora, esta imagem, que anos atrás refletia o respeito e admiração de outros povos e nações por esses tristes trópicos, foi literalmente queimada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Na segunda-feira (29) chamas da floresta Amazônica contribuíram para escurecer a tarde de São Paulo e foram percebidas por muitos como um sinal de alarme e um pedido de socorro (um SOS da mata) contra a política abertamente antiambientalista do governo. Os sinais de agravamento do desmatamento e crimes na região Norte do país se multiplicaram ao longo dos últimos dias, mas foram menosprezadas, ao passo que a fiscalização, assim como medidas de prevenção e contenção das queimadas, foram substanciamente reduzidas.
Nesta sexta-feira (23) ocorreram manifestações espontâneas do povo, convocadas pelas redes sociais, em defesa da Amazônia e contra o governo Bolsonaro com expressiva participação popular no Distrito Federal, São Paulo (Avenida Paulista), Rio de Janeiro (Cinelândia), Salvador, Curitiba, Juazeiro do Norte (Ceará) e outras cidades brasileiros.
Em pronunciamento à noite, Bolsonaro, acuado, ensaiou um recuo, desdizendo tudo o que havia afirmado antes e jurando amores pela Amazônia, mas no momento em que discursava ecoou em bairros cariocas e paulistanos, assim como de diversas outras cidades brasileiras, como resposta, um ruidoso panelaço convocado à última hora por internatas.
Atos de protesto também foram registrado em dezenas de cidades de vários países.
Carona ao imperialismo
Conforme observou o ex-presidente Lula, Bolsonaro se comporta como um “chulo” e despertou uma forte onda de protestos internacionais, que hoje compreende não só movimentos populares, personalidades e forças progressistas, como também governos de potências capitalistas (incluindo EUA, que o presidente do PSL tanto reverencia) que gostam de pescar em águas turvas e buscam carona na crise para defender a globalização da Amazônia.
As palavras do presidente francês, Emmanuel Macron, um inimigo da classe trabalhadora francesa a cada dia mais impopular em seu país, foram eloquentes. “Nossa casa está queimando”, disse o engomadinho neoliberal, ecoando o instinto colonialista europeu. A nossa casa a que se refere (Amazônia) tem dono e não é tolerável que seja vista e tomada como a casa da Maria Joana. Pertence aos povos do Brasil, Bolívia, Venezuela e outros países sul-americanos, que têm ao mesmo tempo o direito e o dever de solucionar soberanamente seus problemas sem a ingerência de potências estrangeiras.
É ingenuidade imaginar que França, EUA e G7 estão preocupados apenas com as queimadas e a preservação do meio ambiente. Na verdade, essas potências têm ambições menos nobres em relação à inestimável riqueza da Amazônia em minerais e biodiversidade, ao lado de um histórico de intervenções e cultura imperialistas que não seria prudente ignorar.
América do Sul
O comportamento condenável do governo e do presidente em relação à Amazônia, e muitos outros temas, também motivou protestos populares em dezenas de cidades pelo mundo nesta sexta (23) e reações de países vizinhos.
Os países da América do Sul que compartilham com o Brasil parte da Floresta Amazônica estão adotando medidas para tentar conter os incêndios que se espalham por seus territórios. As chamas estão ameaçando a mais importante floresta tropical do mundo e também outros biomas, como o Cerrado e o Pantanal.
Venezuela
O governo do presidente Nicolás Maduro da Venezuela manifestou nesta sexta-feira (23) preocupação com os incêndios na Amazônia, que vêm fazendo estragos tanto no Brasil quanto na Bolívia, e ofereceu ajuda aos demais países para conter o fogo.
“A Venezuela expressa a sua profunda preocupação com os gigantescos e terríveis incêndios que devastam a região da Amazônia em território de vários países da América do Sul, com gravíssimos impactos sobre a população, os ecossistemas e a diversidade biológica da área”, pronunciou-se o Ministério do Poder Popular para Relações Exteriores da Venezuela em comunicado.
No texto, a Chancelaria venezuelana expressou solidariedade de maneira especial às comunidades indígenas e camponesas no Brasil, na Bolívia, no Paraguai, no Equador e no Peru, países que dividem a Amazônia com a Venezuela.
Além disso, pediu consciência aos atores econômicos e institucionais dessas nações. “Considerando a irmandade sul-americana e como integrante da comunidade amazônica, a Venezuela oferece sua modesta ajuda que possa servir para suavizar esta dolorosa tragédia, com caráter imediato”, escreveu o Ministério, que pediu cuidado com a Amazônia. “Nós, povos da América do Sul, estamos unidos por este prodígio natural que deve ser defendido, protegido e desenvolvido por seus próprios habitantes através de políticas que protejam sua fragilidade ambiental e seu valor como patrimônio natural da humanidade”, afirmou a Chancelaria no documento.
Colômbia
O governo colombiano também ofereceu ajuda ao Brasil nessa quinta-feira (22) para tentar conter o avanço das chamas em território brasileiro.
Equador
O governo do Equador colocou à disposição um avião que transportaria três brigadas de especialistas em combate a incêndios florestais e em investigação ambiental. Como boa parte do território do Equador está coberto pela Floresta Amazônica, o país também enfrenta uma série de incêndios florestais nas últimas semanas.
Peru
As áreas de proteção ambiental do Peru também estão em estado de alerta. Em nota, o Ministério do Meio Ambiente do Peru afirma que, este ano, já foram registrados 16 incêndios florestais, sendo 14 em áreas naturais sob proteção. De acordo com o Ministério de Relações Exteriores peruano, o país permanece atento para cooperar com ações que possam diminuir os efeitos lamentáveis das chamas.
Bolívia
O governo boliviano contratou uma empresa privada norte-americana especializada em combates a grandes incêndios, dona do maior avião-cisterna em operação em todo o mundo. Há ameaça de chamas no Parque Nacional Otuquis, região próxima à Tríplice Fronteira formada por Bolívia, Brasil e Paraguai.
Com informações do 247 e O Sul