Bolsonaro ignora coronavírus e participa de manifestação contra Congresso e STF
Mesmo após desestimular atos, presidente cumprimentou manifestantes e tirou selfies em frente ao Palácio do Planalto
O presidente Jair Bolsonaro ignorou a pandemia do coronavírus e participou neste domingo (15) de manifestação contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.
Na quinta-feira (12), ele próprio havia recomendado que os atos não ocorressem em razão do alastramento mundial da Covid-19. Desde a manhã, no entanto, ele estimula seus apoiadores para as manifestações por meio das redes sociais.
Bolsonaro deixou o Palácio do Alvorada por volta do meio-dia e percorreu, de carro, a Esplanada dos Ministérios. Apoiadores o seguiram em carreata. Ele transitou com vidros fechados e não desceu em nenhum momento.
Pouco depois, o presidente foi ao Palácio do Planalto. Ele desceu a rampa e caminhou até cerca de 100 manifestantes para cumprimentá-los e tirar selfies – manuseando celulares de alguns deles sem se importar com os riscos de contaminação. Muitos dos presentes usavam máscaras pintadas de verde e amarelo.
Os atos pró-governo e de ataque aos outros poderes ocorrem em vários pontos do Brasil. No Rio de Janeiro, milhares de manifestantes se reúnem na praia de Copacabana, desde às 10h.
Em São Paulo, o ato ocorre na avenida Paulista, com concentração em frente à Fiesp. O público, em parte também com máscaras, grita contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o presidente do STF, Dias Toffoli e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Em um carro de som, líderes do movimento chamaram o coronavírus de mentira. Eles insinuaram que o surto foi usado por adversários de Bolsonaro, como Doria, para cancelar as manifestações.
Crime de responsabilidade
Bolsonaro usa as redes sociais para mostrar vídeos dos protestos desde o começo do domingo. Na quinta-feira (12), ele usou a cadeia nacional de TV para se pronunciar sobre os atos – àquela altura, desestimulando o movimento.
Para o professor de direito constitucional da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Alessandro Soares, a atitude se trata de mais um crime de responsabilidade do presidente, uma vez que houve utilização do recurso e estruturas públicas para manifestações de caráter particular.
Embora tenha caminhado entre as pessoas e ignorado as recomendações de autoridades sanitárias, Jair Bolsonaro deveria estar em isolamento, já que terá de fazer um novo exame nos próximos dias para confirmar se está ou não com coronavírus, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo. Na semana passada, ele esteve nos Estados Unidos acompanhado de seu secretário da Comunicação, Fábio Wajngarten, que contraiu o vírus.