Brasília suspende as aulas devido ao coronavírus
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, publicou, na noite desta quarta-feira, 11, decreto suspendendo as aulas na rede de ensino público e privado em escolas, universidades e faculdades durante cinco dias. Também estão suspensos os eventos com público superior a 100 pessoas e que exijam licença do Poder Público. A suspensão poderá ser prorrogada pelo mesmo período. A medida vai repercutir na vida dos 600 mil estudantes e quase um milhão de famílias.
Bares e restaurantes devem manter suas mesas a uma distância mínima de dois metros entre elas. As provas de concursos programados para o fim de semana estão suspensas, inclusive a seleção para escrivão da Polícia Civil do Distrito Federal, em que há cerca de 50 mil inscritos. Um evento da ONG Todos pela Educação em Brasília foi cancelado porque a presidente-executiva da entidade, Priscila Cruz, está com suspeita de ter sido contaminada.
O decreto foi editado em função de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter anunciado pandemia mundial de coronavírus. Ibaneis considera que a situação “demanda o emprego urgente de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública, a fim de evitar a disseminação da doença no Distrito Federal”.
“Estou reconhecendo que não temos condições de atender todos os pacientes em caso de uma pandemia no DF. Não temos sequer kits para os exames. Não vou pedir para as pessoas ficarem presas em casa, como na Europa, mas acho que é o momento de um cuidado preventivo”, disse o governador. Segundo a última atualização do Ministério da Saúde, o Distrito Federal tem dois casos confirmados de coronavírus e 72 suspeitas em análise . Na manhã desta quinta-feira, 12, a Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) anunciou a suspensão de todas as visitas nos presídios do Distrito Federal até o dia 20 de março, inclusive.
Além dos concursos e aulas nas escolas públicas e particulares, estão suspensos shows, festas e eventos, como o UFC. Sobre missas, Ibaneis disse que não vai impedir as pessoas de irem à Igreja, mas ele acredita que os fiéis podem rezar em casa nos próximos dias. “O Papa Francisco deu a última benção à distância”, comparou.
No Brasil, há 52 confirmações e 907 casos suspeitos. O Ministério da Saúde alertou para a necessidade de reservar leitos para os casos mais graves da doença. Segundo o ministro Luiz Henrique Mandetta, “o Rio de Janeiro aguenta muito pouco. São Paulo aguenta um pouco mais. O Paraná é nosso melhor sistema, a melhor rede de distribuição”. O Ministério considera que em até duas semanas e meia, o país tenha aumentado exponencialmente os registros, que se manteriam em um platô por mais oito semanas.
Também nesta quinta-feira, o Ministério publicou portaria determinando que, entre as medidas que poderão ser adotadas para resposta à emergência de saúde pública, está o isolamento, que objetiva a separação de pessoas sintomáticas ou assintomáticas, em investigação clínica e laboratorial, de maneira a evitar a propagação da infecção e transmissão local.
Uma série de medidas enérgicas estão sendo adotadas em todo o mundo. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu por 30 dias da entrada de passageiros europeus no seu país, com excessão do Reino Unido.
O que fazer?
Diz Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia: “Neste momento, a principal orientação é para que as pessoas mantenham a higiene pessoal, como lavar as mãos com frequência e manter os locais sempre limpos”. Álcool gel funciona também. Tossir cobrindo a boca e o nariz com o cotovelo flexionado, evitar tocar olhos, nariz e boca, evitar aglomerações e manter distância das demais pessoas, especialmente das que estão com tosse ou febre são também recomendados.
Evitar viagens é prudente. Para quem voltou de locais com muitos casos da doença, a OMS sugere o monitoramento dos sintomas por 14 dias e a medição de temperatura duas vezes por dia.
Os sintomas do coronavírus
Os sintomas são de uma gripe comum. Pode ter febre ou não, tosse e dificuldade de respirar. Alguns pacientes relatam dor, congestão nasal, dor de garganta e diarreia.
A OMS também divulgou uma cartilha específica para ambientes de trabalho: limpar frequentemente com desinfetante mesas, teclados, telefones, celulares e outros utensílios. Quem está com sintomas, como tosse seca e febre baixa, deve ser encorajado a ir para casa (se para trabalhar de casa ou descansar, a decisão é da empresa).
Segundo a entidade, 2% das pessoas que contraíram a doença morreram. O índice, porém, tem variado em cada país. Estudo de cientistas chineses publicado nesta semana aponta como grupo de risco as pessoas mais idosas, com doenças pré-existentes, como hipertensão, diabetes ou doenças obstrutivas crônicas.
Quem apresentar os sintomas compatíveis com a doença, tiver viajado a zonas consideradas como foco de infecção (China, Coreia do Sul, Singapura, Irã e Itália) ou tiver tido contato com uma pessoa com caso confirmado, deve procurar uma unidade de saúde.
Os planos de saúde terão que cobrir testes para coronavírus. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) ainda está disciplinando quais serão os tipos de teste, os protocolos e o prazo que dará às operadoras de planos para se ajustarem à determinação. Não há dados públicos sobre quais hospitais e laboratórios estão aptos a fazer o procedimento.
Carlos Pompe