Chefe da Anvisa cobra retratação de Bolsonaro após ataque sobre interesse na vacinação infantil
Em nota, Antonio Barra Torres desafia presidente a apresentar provas ou se desculpar publicamente
O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, divulgou uma nota neste sábado (08) cobrando uma retratação pública do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre insinuações que o governante fez contra a Anvisa.
A reação do chefe da agência reguladora ocorre dois dias depois de Bolsonaro levantar suspeitas sobre a diretoria do órgão, quando reclamou do aval da Anvisa para a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra covid-19.
Durante entrevista a uma emissora de rádio, Bolsonaro questionou qual seria “o interesse” da Anvisa ao aprovar a vacinação infantil contra o coronavírus.
No comunicado emitido por seu gabinete, Barra Torres desafia Bolsonaro a formalizar denúncia, caso tenha dados que apoiem suas suspeitas.
“Não perca tempo nem prevarique”
“Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar”, diz o texto.
O chefe da Anvisa cobra uma retratação, caso o presidente não tenha provas contra ele. “Se o senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate”, cobrou o militar da reserva da Marinha, indicado pelo próprio Bolsonaro ao cargo.
“Estamos combatendo o mesmo inimigo e ainda há muita guerra pela frente. Rever uma fala ou um ato errado não diminuirá o senhor em nada. Muito pelo contrário”, conclui..
A autorização para vacinação de crianças contra a covid-19 motivou uma série de críticas do presidente e atos do governo destinados a protelar o início da imunização de menores de 12 anos.
Em dezembro, Bolsonaro orientou o Ministério da Saúde a adotar a cobrança de prescrição médica e a promover uma consulta pública sobre o assunto.
Somente na última quarta-feira (5) a pasta incluiu a imunização infantil em seu plano de imunização, em meio a pressão da opinião pública e de especialistas.