Comissão propõe isenção de imposto de renda para professores em defesa da valorização da categoria.
O coordenador da Secretaria de Finanças da Contee, Rodrigo de Paula, participou do debate e disse que a isenção representa um grande alento aos profissionais da rede privada. Eles precisam trabalhar em diversas escolas para alcançar um salário que chegue próximo ao piso nacional da rede pública
Na última quinta-feira (31), a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados promoveu um debate sobre a isenção do Imposto de Renda para professores, tema que visa valorizar os profissionais da educação no país. O debate foi solicitado pelo Deputado Professor Reginaldo Veras (PV-DF), que destacou a urgência de medidas de incentivo financeiro para a classe, especialmente considerando que mais de 60% dos professores brasileiros recebem apenas o piso salarial, atualmente em R$ 4.580.
A audiência pública teve a participação do Rodrigo de Paula – Coordenador da Secretaria de Finanças da Confederação Nacional do Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) e diretor jurídico do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep).
No debate, Rodrigo de Paula ressaltou que a isenção teria impacto ainda mais significativo para profissionais da rede privada, onde o piso salarial nem sempre é garantido. Devido à estrutura de remuneração por carga horária, muitos professores precisam lecionar em diversas instituições para alcançar um valor próximo ao piso nacional da rede pública. “O professor compõe o seu salário a partir da carga horária e de negociações coletivas. É a única categoria cujo salário é composto por hora: sem a carga horária, não tem garantia de salário. Com múltiplas fontes de renda, esses profissionais acabam sendo tributados de forma ainda mais onerosa”, explicou Rodrigo.
Para o professor Reginaldo Veras, a proposta de isenção busca mitigar o impacto financeiro sobre professores que, além de desempenharem papel fundamental na sociedade, enfrentam baixos salários e cargas tributárias altas. “Enquanto grandes corporações obtêm incentivos fiscais com facilidade, trabalhadores da educação sofrem com uma carga tributária injusta. Precisamos equilibrar essa balança”, afirmou o deputado.
Apesar do apoio à iniciativa, o diretor de programas do Ministério da Educação (MEC), Armando Amorim Simões, apontou que a proposta enfrentaria obstáculos constitucionais. A Constituição Federal veda a criação de benefícios tributários baseados em categorias profissionais específicas. Além disso, a isenção comprometeria a arrecadação de estados e municípios, que dependem do imposto de renda dos servidores locais. No entanto, o Deputado Veras defendeu a possibilidade de uma alteração constitucional: “Se aprovamos isenções para grandes empresários, é possível, sim, lutar por uma PEC que beneficie quem está na base da educação”.
O debate também envolveu o deputado Rubens Otoni (PT-GO), autor do Projeto de Lei 165/22, que propõe isenção do imposto de renda para professores. Ele enfatizou a importância de abrir um diálogo com o Executivo para construir uma legislação que valorize e atraia mais profissionais qualificados para a educação. Hoje, o Brasil possui um déficit de 40 mil professores, número que chega a 200 mil se considerada a demanda por profissionais capacitados para disciplinas específicas.
Ao final do encontro, os participantes reforçaram a ideia de que valorizar a educação é investir no futuro do país. Dados apresentados pela deputada Professora Goreth (PDT-AP) indicam que, de acordo com o Banco Mundial, cada ano adicional de escolaridade da população pode aumentar o PIB de uma nação em até 10%.
Por Vitoria Carvalho, estagiária sob supervisão de Romênia Mariani